Milhares de manifestantes protestam contra a extrema-direita na Alemanha

Vários milhares de pessoas estão a manifestar-se hoje em Erfurt, capital da Turíngia - território que pertenceu à antiga República Democrática Alemã (RDA) -, para protestar contra a extrema-direita no país.

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© REUTERS/Christian Mang

Lusa
15/02/2020 16:07 ‧ 15/02/2020 por Lusa

Mundo

Alemanha

No início de fevereiro, um responsável de um pequeno partido liberal (FDP) foi eleito líder regional da Turíngia com a ajuda da extrema-direita, o que provocou grande agitação na política e na sociedade alemã.

Os manifestantes começaram a reunir-se hoje no centro de Erfurt por volta do meio-dia (11:00 em Lisboa), num protesto com o lema "Não connosco, não há pacto com os fascistas -- jamais e em parte alguma!".

As faixas que traziam diziam "Não queremos o Quarto Reich" ou "Não queremos o poder a qualquer custo".

A manifestação é organizada por entidades não-governamentais, artistas, sindicalistas e líderes políticos, unidos na aliança #Unteilbar (Indivisível).

Cerca de 10.000 manifestantes são esperados, segundo os organizadores.

"Estou a protestar porque a influência do AfD [Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita] está a tornar-se muito forte nas regiões orientais", explicou à agência de notícias AFP Maria Reuter, uma moradora de Erfurt, de 74 anos.

"Continuo otimista com o futuro, caso contrário não protestaria, mas os limites foram ultrapassados com os votos da direita e da extrema-direita, não podemos esquecer isso", disse Maria Reuter.

Thomas Kemmerich, do partido FDP e que foi eleito líder regional do Estado da Turíngia em 05 de fevereiro, demitiu-se do cargo dias depois da sua eleição, devido aos protestos generalizados de vários partidos e organizações.

Kemmerich foi eleito na sequência de uma concertação de votos inédita entre os representantes locais dos conservadores da União Democrática Cristã (CDU, força política da chanceler alemã, Angela Merkel) e dos membros locais da AfD.

A eleição gerou uma grande controvérsia na Alemanha, provocando um autêntico sismo político naquele país, conforme caracterizou a imprensa internacional.

Foi a primeira vez na história da Alemanha pós-II Guerra Mundial que um chefe de um governo regional foi eleito com o apoio da extrema-direita, bem como a primeira vez que fações moderadas e radicais votaram concertadas neste tipo de eleição.

A par da renúncia de Kemmerich, um membro do governo central alemão, que elogiou nas redes sociais a eleição do líder regional da Turíngia, foi afastado por Merkel.

A eleição da Turíngia também teve repercussões na liderança da CDU, com Annegret Kramp-Karrenbauer, que sucedeu a Merkel em dezembro de 2018, a anunciar a sua demissão.

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