Num comunicado, a Fundação Mo Ibrahim indicou que o Comité do Prémio, entidade independente liderada pelo antigo Presidente do Botsuana Festus Mogae, não selecionou qualquer vencedor.
"O Prémio Ibrahim reconhece a liderança verdadeiramente excecional em África, celebrando modelos exemplares no continente. É atribuído a pessoas que, através de uma governação notável no seu país, contribuíram para a paz, a estabilidade e a prosperidade do seu povo. Com base nestes rigorosos critérios, o Comité do Prémio não pôde atribuir o prémio de 2019", justificou Festus Mogae, que presidiu o Botsuana entre 1998 e 2008.
Comentando a decisão do Comité do prémio - que já foi atribuído a dois antigos Presidentes de países de língua portuguesa, o moçambicano Joaquim Chissano, em 2007, e o cabo-verdiano Pedro Pires, em 2011 -, Mo Ibrahim disse estar "otimista" de que o prémio poderá ser atribuído "em breve" a "um candidato merecedor".
"África enfrenta alguns dos mais complexos desafios do mundo, desde os desafios associados ao crescimento demográfico e ao desenvolvimento económico aos colocados pelos impactos ambientais", disse Mo Ibrahim, acrescentando que o continente precisa de "líderes capazes de governar democraticamente e de transformar estes desafios em oportunidades".
O milionário sudanês vincou que "dois terços" dos africanos "vivem hoje em países mais bem governados do que há dez anos", sublinhando que se estão a "realizar progressos" em África.
Os candidatos ao Prémio Mo Ibrahim são antigos chefes de Estado ou de Governo africanos que cessaram funções nos três anteriores anos civis, tendo sido democraticamente eleitos e cumprido o seu mandato constitucionalmente atribuído.
Desde que foi lançado, em 2006, o Prémio Mo Ibrahim foi atribuído em cinco ocasiões, tendo sido entregue pela última vez em 2018, à ex-Presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf.
Além de Joaquim Chissano (2007), Pedro Pires (2011) e de Ellen Johnson Sirleaf, foram galardoados os antigos chefes de Estado da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, em 2014, e do Botsuana, Festus Mogae, em 2008.
Nelson Mandela, antigo Presidente da África do Sul, foi distinguido como Laureado Honorário inaugural em 2007.
O Prémio Mo Ibrahim reconhece e celebra dirigentes africanos que, em circunstâncias difíceis, tenham desenvolvido os seus países, combatido com êxito a pobreza e aberto caminho para a prosperidade equitativa e sustentável, destacando também figuras que constituam exemplos excecionais para o continente.
Por outro lado, assegura que o continente africano continue a beneficiar da experiência e sabedoria de líderes excecionais quando estes terminam os respetivos mandatos nacionais, permitindo que prossigam atividades noutros cargos públicos no continente.
Nesse sentido, representa uma recompensa e uma norma de excelência na liderança em África e não um "primeiro prémio", não havendo obrigatoriamente um vencedor todos os anos.
O Prémio Ibrahim é o maior prémio anual atribuído no mundo, consistindo na atribuição de cinco milhões de dólares (4,46 milhões de euros) distribuídos ao longo de dez anos.
O Comité do prémio, além de Festus Mogae, conta com Aicha Bah Diallo, presidente da Rede para a Educação para Todos em África e ex-ministra da Educação da Guiné-Conacri, Mohamed ElBaradei, Diretor-Geral Emérito da Agência Internacional da Energia Atómica e também vencedor de um prémio Nobel.
O júri integra ainda Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento Comunitário e ex-ministra da Educação de Moçambique, Horst Köhler, ex-enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas ao Sara Ocidental e ex-presidente da Alemanha, e Mary Robinson, enviada especial da ONU para as Alterações Climáticas na Região dos Grandes Lagos de África e ex-presidente da Irlanda.
A Fundação Mo Ibrahim é também responsável por um índice que avalia a boa governação nos países da África Austral.