Quatro homens começam esta segunda-feira a ser julgados, nos Países Baixos, pelo homicídio de 298 pessoas que viajavam a bordo do voo MH17 da Malaysia Airlines, que foi abatido sobre a Ucrânia em 2014.
Os investigadores vão tentar provar em sede de tribunal que o míssil Buk - sistema de defesa antiaéreo, armado com mísseis terra-ar - que abateu o avião partiu de uma base militar da Rússia.
Dos quatro suspeitos, três são de nacionalidade russa e o outro é proveniente do leste da Ucrânia. De acordo com a BBC, é pouco provável que os acusados estejam presentes na audiência, já que os países de onde são originários não concordaram com a extradição.
No entanto, revela ainda o meio de comunicação, um dos suspeitos russos deverá fazer-se representar por uma equipa de advogados e é possível que o tribunal aceite ouvir os acusados através de videoconferência.
Igor Girkin, ex-coronel do serviço de inteligência da Rússia, Sergei Dubinsky, contratado pelo Departamento Central de Inteligência russo, Oleg Pulatov, supostamente um ex-soldado das forças especiais do Departamento Central de Inteligência russo, e Leonid Kharchenko, cidadão ucraniano sem formação militar que liderou uma unidade de combate como comandante no leste da Ucrânia, são os acusados.
Quanto ao julgamento, pouco se sabe até ao momento sobre quem testemunhará em frente ao coletivo de três juízes. A BBC cita relatórios holandeses não oficiais, de acordo com os quais há 13 testemunhas no caso, cujas identidades permanecerão sob sigilo.
Neste julgamento que poderá durar até três anos, os juízes podem ainda aceita ouvir testemunhas que permaneçam no anonimato, se necessário.
Terá a Rússia impedido a investigação?
A Rússia tem negado o envolvimento no suposto ataque que remonta ao dia 17 de julho de 2014, no qual morreram cidadãos de 10 nacionalidades distintas. Dois terços das vítimas eram holandeses e, com efeito, os Países Baixos aceitaram liderar a investigação, motivo pelo qual o julgamento será realizado naquele país.
Pese embora a Rússia alegue que se ofereceu para cooperar nas investigações, também apresentou, como narra a BBC, várias versões sobre a suposta causa da queda do avião.
As autoridades holandesas pediram à Rússia que enviasse qualquer informação que tivesse sobre o caso, mas os investigadores alegam que o material que lhes chegou era "factualmente impreciso em vários pontos".
Outra controvérsia diz respeito ao facto de, no final do ano passado, os promotores holandeses terem pedido à Rússia para deter um suspeito ucraniano, mas, em vez disso, a Rússia terá "deliberadamente" permitido que este viajasse para o leste da Ucrânia.
Os governos holandês e australiano deixaram claro, em 2018, que responsabilizavam a Rússia pela implantação o equipamento de lançamento de mísseis Buk que derrubou o avião.