Madrid com mais movimento num dia de regresso parcial ao trabalho
O Governo espanhol autorizou hoje o regresso parcial ao local de trabalho, que em Madrid atingiu cerca de 300.000 pessoas e decorreu com normalidade e sem grandes aglomerações nas estradas ou nos transportes coletivos.
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Mundo Coronavírus
Numa altura em que as medidas de distanciamento social tiveram como consequência o abrandamento do ritmo de contágios do novo coronavírus, assim como o de mortes, o executivo espanhol pôs fim ao período de duas semanas a que chamou de "hibernação" da economia, em que só permitiu o teletrabalho e a deslocação dos que asseguram a produção e serviços essenciais.
Segundo dados da Comunidade de Madrid, a medida terá atingido 300.000 pessoas na região, que trabalham principalmente em fábricas e estaleiros de construção civil.
A capital espanhola tem na sua grande maioria pessoas que trabalham no setor de serviços e este que não foram influenciados por esta medida. Uns estão a trabalhar em casa, outros também ficaram nos seus lares porque a maior parte dos comércios (os não essenciais) continuam encerrados.
"O número de passageiros talvez tenha aumentado um pouco [em relação aos últimos dias úteis], mas os autocarros continuam a circular praticamente vazios", disse à agência Lusa Joaquim, um condutor dos transportes públicos de superfície que estava à espera de passageiros na rotunda de Legazpi da capital espanhola hoje ao fim do tarde, a uma hora que seria de ponta, numa dia normal.
Por toda a cidade, mas principalmente nas estações de metro de maior movimento, como as de Atocha ou a dos Novos Ministérios, a polícia entregou de forma gratuita durante todo o dia cerca de um milhão e meio de máscaras aos trabalhadores na Comunidade de Madrid, de um total de 10 milhões que foram distribuídas em todo o país.
Um membro das forças de segurança recordava no 'hall' de entrada da estação de metro de Lavapiés que não era permitido duas pessoas ficarem a falar e que todos deveriam circular para casa ou para o trabalho, devido às medidas de luta contra o novo coronavírus.
"Parece que estamos numa cidade fantasma e o comboio também tem um aspeto surreal", disse Maria, a caminho de casa às 18:30, numa carruagem do metro, que tinha uma quinzena de pessoas, a maioria usando máscara e devidamente afastadas umas das outras.
As máscaras distribuídas servem de barreira protetora, mas não têm filtros de partículas. São para adultos sem sintomas que não possuem máscaras cirúrgicas ou com filtros de partículas.
O sistema de altifalantes nas estações de metro aproveita o anúncio da chegada dos comboios para recordar que os passageiros devem manter a distância e, se possível, não se sentarem lado a lado.
Segundo o executivo regional, o número de passageiros do metro aumentou hoje 34% em relação aos dias úteis das últimas duas semanas, embora seja ainda de menos 80% do que na mesma segunda-feira do ano passado.
Um taxista entre uma dúzia que esperavam clientes no exterior da estação de comboios e de metro de Atocha queixou-se à Lusa da situação dramática do setor, que desde há quatro semanas tem poucos clientes.
Os poucos que aparecem só podem entrar sozinhos para uma viatura e sentar-se na diagonal em relação ao condutor, sendo apenas permitidas duas pessoas quando uma precisa de ajuda para se deslocar, como o caso das crianças ou dos idosos com falta de mobilidade.
Por outro lado, um total de 13.375 pessoas utilizou esta manhã os serviços de comboios suburbanos de Madrid, um aumento de 53% em relação à segunda-feira anterior, mas muito abaixo dos mais de 110.000 que utilizam este serviço num dia normal.
Hoje também se registou um aumento do trânsito na capital relativamente à semana passada, mais 29,4% na autoestrada circular M-30, mais 16% nas avenidas centrais (Passeio da Castelhana e continuações para norte e sul) e um aumento de 14,1% na periferia da cidade, apesar de que a diminuição é de cerca de 70% em relação a um dia normal, de acordo com dados fornecidos pelo Governo regional.
O "estado de emergência", que entrou em vigor em 15 de março último, foi prolongado já por duas vezes até 15 de abril próximo, tendo o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, avançado que deverá ser renovado pelo menos durante mais duas semanas.
A região de Madrid é a mais atingida pela situação criada pela covid-19, com 47.146 infetados e 6.423 mortos até hoje.
Na totalidade do país registaram-se, nas últimas 24 horas, 517 mortes devido ao novo coronavírus, havendo até agora um total de 17.489 óbitos, segundo as autoridades sanitárias.
De acordo com o Ministério da Saúde espanhol, há 3.477 novos infetados, sendo agora o total de pessoas que contraíram a doença de 169.496.
Espanha é o país com mais mortos com a pandemia por cada milhão de habitantes (374 óbitos), seguida pela Itália (338), Bélgica (337) e França (221), numa lista em que os Estados Unidos têm 69 e Portugal 52.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Os Estados Unidos são o país que regista o maior número de mortes, contabilizando 22.109 até hoje, e aquele que tem mais infetados, com mais de 557 mil casos confirmados.
O continente europeu é o que regista o maior número de casos, e a Itália é o segundo país do mundo com mais vítimas mortais, contando 20.465 óbitos e quase 160 mil casos confirmados.
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