Responsáveis da OMS elogiam resposta de Taiwan à pandemia
Responsáveis da Organização Mundial de Saúde elogiaram hoje a resposta de Taiwan à pandemia da covid-19, demarcando a cooperação técnica com aquele país das questões políticas que determinam a sua exclusão da Assembleia Mundial de Saúde.
© Reuters
Mundo Covid-19
"As autoridades de saúde de Taiwan e o seu centro de controlo de doenças merecem ser elogiados. Montaram um programa de resposta de saúde muito bom e isso vê-se nos números", afirmou o diretor do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, numa conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia.
A epidemiologista Maria Van Kerkhove, responsável técnica máxima na resposta da OMS à Covid-19, destacou que "é importante aprender com todos os países" e que há médicos e cientistas taiwaneses a participar ativamente nos esforços da organização pata conter a pandemia.
A resposta de Taiwan ao surto tem servido para afirmar a ilha, que funciona como uma entidade política soberana apesar da oposição de Pequim, como um dos Estados que melhor preveniu a doença, contando apenas 379 casos de infeção numa população de 23 milhões de pessoas que inclui mais de um milhão de cidadãos a viver e trabalhar na República Popular da China, onde a pandemia começou.
Com casos de infeção pelo novo coronavírus detetados a 25 de janeiro, Taiwan agiu depressa nas medidas para impedir novos casos, barrando a entrada a pessoas oriundas da China, adotando o uso de máscaras em público e impondo confinamento obrigatório em casa para casos suspeitos, com punições severas para quem o violasse.
A ilha, que foi duramente afetada pelo surto de SARS em 2003 e por isso tem um sistema de saúde mais bem preparado para reagir a surtos de doenças respiratórias graves, aumentou a produção de máscaras de proteção, generalizou os testes à população e assim conseguiu conter a disseminação do novo coronavírus.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força.
Por insistência da China, Taiwan foi barrada da ONU e da OMS e perdeu o estatuo de observadora na Assembleia Mundial da Saúde anual.
Na conferência de imprensa de hoje, a OMS chamou Steven Solomon, do seu gabinete legal, para esclarecer que as escolhas sobre a participação nessa Assembleia são uma prerrogativa dos estados-membros.
"O pessoal da OMS não tem mandato para decidir esses assuntos. O pessoal da OMS trabalha tecnicamente e operacionalmente para cumprir o mandato da OMS, que é coordenar, reunir, aconselhar e ajudar a responder" à pandemia de covid-19, afirmou.
Steven Solomon afirmou que o centro de controlo de doenças de Taiwan tem acesso às plataformas internacionais de partilha de informação sobre o progresso da pandemia.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, nada teve a dizer hoje sobre o assunto, depois de na semana passada ter acusado Taiwan de estar vinculado a uma campanha contra ele, alegando que, desde o início do surto do novo coronavírus, foi atacado pessoalmente, incluindo através de ameaças de morte e insultos racistas.
Taiwan negou estas acusações, exigindo ao responsável máximo da OMS um pedido de desculpas.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
Por regiões, a Europa somava hoje 94.021 mortos (mais de um milhão de casos), Estados Unidos e Canadá 34.499 mortos (701.335 casos), a Ásia 6.751 mortos (154.943 casos), o Médio Oriente 5.357 mortos (115.745 casos), a América Latina e Caribe 4.001 mortos (85.237 casos), a África 965 mortos (18 mil casos) e a Oceânia 79 mortos (7.730 casos).
Em Portugal, morreram 657 pessoas das 19.022 registadas como infetadas.
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