A comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara de Representantes, de maioria democrata, requereu ao Departamento de Estado uma lista de todas as reuniões em que foram discutidos os financiamentos à OMS, desde dezembro passado, bem como os estudos sobre o impacto da decisão na luta contar a pandemia de covid-19.
O presidente da comissão, Eliot Engel, alertou que o congresso pode forçar o Departamento de Estado a entregar os documentos, se tal não acontecer até dia 04 de maio.
"Até agora, o Departamento de Estado justificou o congelamento dos fundos pagos à OMS perante o Congresso com um documento de uma página com alguns pontos, que contém poucos factos, nenhum plano e nenhuma explicação sobre como essa suspensão de financiamento à OMS salvará vidas", explicou Eliot Engel.
Embora reconheça que a OMS cometeu erros, Engel disse que a organização tem um papel "inestimável" e que Donald Trump está a tentar desviar a atenção das suas próprias falhas na gestão da crise sanitária que já contaminou mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo.
"Cortar fundos à OMS, quando o mundo passa pela tragédia da pandemia de covid-19, certamente não é a solução", escreveu Engel, numa carta enviada ao secretário de Estado, Mike Pompeo.
Em 14 de abril, Donald Trump anunciou que os Estados Unidos iriam suspender a sua contribuição para o orçamento da OMS, acusando a organização de ter agido tarde demais e de ter apoiado cegamente a China, minimizando os riscos da pandemia.
Os Estados Unidos são o maior financiador da OMS, com uma contribuição de mais de 400 milhões de euros por ano.
Este ano, os cofres dos Estados Unidos já contribuíram com mais de 100 milhões de euros para a OMS, numa despesa aprovada pelo congresso.
Os Estados Unidos registam cerca de um milhão de casos de infeção com o novo coronavírus, incluindo mais de 50.000 mortes.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 206 mil mortos e infetou quase três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram, entretanto, a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.