O estado de emergência é o "único instrumento" que permite ao executivo "lutar contra a covid-19 e salvar vidas", assegurou Pedro Sánchez num debate no senado espanhol, a câmara alta das Cortes (parlamento).
No primeiro debate em que participou nesta assembleia desde a declaração do estado de emergência a partir de 15 de março último, o chefe do executivo espanhol exortou o Partido Popular a "trabalhar" para chegar a um acordo, porque se tem de ser "cauteloso e prudente" na fase de mitigação da pandemia, que se iniciou esta semana.
"Não se vão arrepender", assegurou Sánchez ao líder do PP no senado, Javier Maroto, que acusou o primeiro-ministro de querer prolongar o período de exceção como uma "ferramenta para se proteger" a si próprio.
O chefe do executivo insistiu que "o único instrumento que neste momento permite ao governo lutar contra a covid-19, salvar vidas e defender a saúde pública de todos os cidadãos é o prolongamento do estado de emergência".
Por esta razão, pediu ao Partido Popular para estar "consciente" que, num momento tão crítico como o atual, com tanta incerteza e angústia, os cidadãos esperam e "querem" um acordo entre os dois principais partidos do país para prolongar o estado de emergência e "garantir um futuro de esperança".
O executivo volta a pressionar o PP, como tem feito nos últimos dias, depois de na segunda-feira ter mesmo avisado que este partido será responsável pelo "caos" que poderá ocorrer ou pelos surtos da pandemia, se não apoiar a medida mais uma vez.
O PP ainda não definiu o seu sentido de voto, o que aumenta a incerteza sobre o resultado final da votação de quarta-feira.
A câmara baixa do parlamento espanhol (Congresso dos Deputados) vota na quarta-feira o prolongamento por mais duas semanas, a partir de domingo 10 de maio, do estado de emergência que está em vigor desde 15 de março.
O atual período de exceção, que foi aprovado em 22 de abril último, corresponde ao terceiro pedido de prolongamento de duas semanas do Governo, tendo sido aprovado em 22 de abril último, com 269 votos a favor, abstenções de pequenos partidos regionais nacionalistas e independentistas (ERC, EH Bildu e BNG) e votos contra do Vox (extrema direita e terceiro maior partido), JxCat (independentistas catalães) e CUP (anti-sistema catalães).
A Espanha é um dos países mais atingidos pela pandemia de covid-19, tendo registado nas últimas 24 horas, 185 mortes devido à doença, um ligeiro aumento em relação a segunda-feira, embora seja o terceiro dia consecutivo abaixo dos 200, havendo até agora um total de 25.613 óbitos.
De acordo com o Governo de Madrid, há 867 novos casos positivos, um número abaixo dos 1.000 que se verifica também nos últimos dias, elevando para 219.329 o total de infetados confirmados pelo teste PCR, o mais fiável na deteção do vírus.
A Espanha iniciou na segunda-feira a primeira fase de alívio das medidas em vigor de luta contra a covid-19, com a abertura parcial do pequeno comércio, como barbearias, cabeleireiros e restaurantes que passam a vender comida para levar.
Depois de um confinamento que começou em meados de março, o desmantelamento das medidas impostas vai ser realizado por etapas até ao final de junho, para evitar uma nova onda de contaminação.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 251 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.