"O que o país precisa nesta altura é clareza e confiança e por enquanto ambas escasseiam. No centro do problema está o primeiro-ministro ter feito uma declaração ontem [domingo] à noite, antes de o plano estar escrito ou pelo menos finalizado, e isso causou confusão considerável", afirmou hoje no parlamento o líder do principal partido da oposição.
Starmer respondia à apresentação por Boris Johnson, gravada antecipadamente e transmitida na televisão no domingo, do documento em que são detalhadas as orientações do governo para o alívio do regime de confinamento em vigor no Reino Unido há sete semanas, desde 23 de março.
O líder trabalhista chamou a atenção para a disparidade entre aquilo que o primeiro-ministro disse e o conteúdo do documento de 50 páginas divulgado esta tarde, nomeadamente quando podem regressar à atividade os empregados que não podem trabalhar de casa e se a quarentena as pessoas que cheguem do estrangeiro se vai aplicar só ao transporte aéreo ou também ao marítimo.
Starmer levantou também dúvidas sobre quais são as diretivas para a segurança no trabalho e nos transportes públicos, e se estas foram acordadas com empresas e sindicados.
"Há muitas perguntas mas até agora muito poucas respostas", disse.
Boris Johnson reconheceu que ao "sair de uma mensagem que é tão simples, como 'ficar em casa', vão surgir complexidades", mas que o que o governo quer dizer agora é que as pessoas devem "ficar em casa se puderem, mas vão trabalhar se precisarem".
O chefe do executivo britânico disse esperar que os empregadores usem "senso comum" e compreendam que "se as pessoas não puderem trabalhar porque não têm quem tome conta da criança [porque as escolas continuam fechadas], então estão impedidas de trabalhar e têm de ser protegidas".
Boris Johnson também espera que também as pessoas usem o "senso comum" ao interpretar as novas diretivas do governo ao permitir viagens longas de automóvel para espaços abertos longe de casa e continuem a respeitar as medidas de distanciamento social.
O plano apresentado pelo governo pretende um levantamento faseado do regime de confinamento, que vai deixar de ter como mensagem central "fique em casa" para passar a ser usado "fique alerta".
Esta alteração só se aplica a Inglaterra pois foi rejeitada pelos governos autónomos da Escócia e País de Gales por considerarem que o nível de risco de contágio continua elevado.
De acordo com a atualização dos dados feita hoje, o Reino Unido registou até agora 32.065 óbitos, sendo o país com o segundo maior número de mortes provocadas pela pandemia covid-19, atrás dos EUA.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 282 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,3 milhões de doentes foram considerados curados.