A organização independente Mexicanos Contra a Corrupção e a Impunidade (MCCI) diz que os números oficiais de registo de mortes com covid-19 na Cidade do México estão muito subestimados.
"A MCCI teve acesso a um banco de dados e milhares de registos. Depois de comparar uma amostra representativa, com 345 casos, no portal na Internet do Registo Civil, percebemos que o universo de mortos naquele período pode ter sido três vezes maior do que indicam os números oficiais", disse a organização, num comunicado hoje divulgado.
Segundo a investigação, essas 4.577 mortes detetadas nos ficheiros do Registo Civil correspondem ao período de 18 de março a 12 de maio.
Em 3.209 desses casos, a covid-19 aparece indicada como causa provável de morte e em outros 323 casos como causa confirmada, diz a organização.
"Em 12 de maio, o governo da Cidade do México informou que até aquele momento houve 937 mortes por covid-19, e o Governo federal registou 123 suspeitas de mortes com o novo coronavírus na capital", aponta a organização, destacando que há uma discrepância muito grande entre o que é anunciado oficialmente e o que foi agora detetado.
Para a investigação, a MCCI acedeu a uma base de dados de 4.577 atestados de óbito registados em sete tribunais na Cidade do México, entre 17 de março e 12 de maio de 2020.
Para validar a descoberta, a MCCI pegou numa amostra composta por 345 páginas de registos e verificou que as causas de morte descritas ali eram exatamente as que aparecem nas atas que podem ser consultadas no portal na Internet da Direção-Geral de Registo Civil da Cidade do México.
A MCCI diz que pediu ao governo da Cidade do México uma posição sobre as certidões de óbito analisadas para este relatório, tendo recebido uma resposta de um porta-voz que apenas disse que os dados revelados seriam analisados
O México registou até agora 51.633 casos de contaminação com o novo coronavírus, incluindo 5.332 mortes.
A Cidade do México, a área mais afetada do país, com um registo oficial de 14.566 casos de contaminação e 1.147 mortes.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 318.000 mortos e infetou mais de 4,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (cerca de 2,1 milhões contra 1,9 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (cerca de 125 mil contra mais de 167 mil).
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num "grande confinamento" que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.