O aumento das necessidades de oxigénio medicinal, para dar resposta a pessoas infetadas pelo novo coronavírus, originou a sua escassez e um aumento de preços até dez vezes superior ao seu valor normal.
A medida de emergência foi tomada após se verificarem esta semana longas filas de familiares de doentes com covid-19, com garrafas de oxigénio às costas, numa procura desesperada para as recarregar em estabelecimentos que lhes cobravam preços exagerados, segundo relata a agência Efe.
O preço das garrafas de oxigénio de 10 metros cúbicos, que duram cerca de 24 horas, atingiu 6.000 soles (1.541 euros) e as recargas 500 soles (128 euros), a uma taxa de 50 soles (12 euros) o metro cúbico, quando o seu valor habitual é de cerca de 15 soles (três euros).
"Vemos especuladores a tentar aproveitar-se e a pôr em risco a vida de outros. Não vamos permitir isso", disse o presidente peruano, Martín Vizcarra, numa conferência transmitida pela televisão.
O decreto que declara o oxigénio como um bem estratégico prevê uma compra no valor de 84 milhões de solas (21,5 milhões de euros) para satisfazer a elevada procura, que aumentou 40% durante esta emergência, como reconheceu na semana passada o primeiro-ministro, Vicente Zeballos.
O governo peruano comprará também 1.200 concentradores de oxigénio no âmbito de uma dotação de 88 milhões de soles (22,6 milhões de euros) para atender à população indígena.
"As populações indígenas não receberam a atenção que deveriam ter", reconheceu Vizcarra.
O decreto dará igualmente prioridade à produção de oxigénio médico em detrimento do oxigénio industrial, em conformidade com as medidas já tomadas no mês passado pelo ramo executivo para reconverter algumas fábricas durante esta emergência e assim assegurar o abastecimento dos hospitais.
O chefe de estado também criticou as clínicas privadas que alegadamente cobravam taxas adicionais pelos testes à covid-19, que são fornecidos e processados gratuitamente pelo Instituto Nacional de Saúde (INS).
O Peru atingiu hoje as 5.031 mortes, com 137 novos óbitos nas últimas 24 horas, enquanto o número acumulado de infetados aumentou para 183.198, com 4.284 novos casos.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 387 mil mortos e infetou mais de 6,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.