Ao todo, o Brasil já confirmou 672.846 casos e 35.930 mortes provocadas pela covid-19.
No sábado, o Governo brasileiro confirmou que realizou mudanças na divulgação dos dados consolidados sobre casos e mortes provocadas pela pandemia.
Após quase 24 horas fora do ar, o site do Ministério da Saúde no qual se divulga os números de infeções, mortos e outros informações relevantes sobre a pandemia regressou ao ar com informações parciais, que excluem o número total de mortos e o total de casos da doença registados no Brasil.
Dessa forma, o Governo brasileiro passou a relatar apenas o número de casos e de óbitos registados nas últimas 24 horas.
Além da suspensão da divulgação de parte dos dados consolidados, o Presidente, Jair Bolsonaro, também confirmou que o Governo informará os números após as 22h00, horário local, muito depois dos horários em que os números eram divulgados desde que o vírus chegou ao país.
"Para evitar subnotificação e inconsistências, o @minsaude optou pela divulgação às 22h, o que permite passar por esse processo completo", escreveu o chefe de Estado brasileiro na sua conta na rede social Twitter.
A mudança na metodologia causou protestos em diferentes setores, que acusaram o Governo brasileiro de dificultar o acesso à informação.
A alteração também foi associada à intenção de impedir que as informações sejam divulgadas nos noticiários noturnos da rede Globo, que têm a maior audiência do país, e nas edições impressas dos jornais brasileiros.
Na sexta-feira, em declarações aos jornalistas, o próprio Bolsonaro disse que, com a mudança, a rede Globo deixaria de ser a "TV Funeral".
O ex-ministro da Saúde do Brasil Luiz Henrique Mandetta, que deixou o cargo por discordar do Presidente brasileiro sobre as melhores ações para o combate à pandemia, afirmou hoje durante uma transmissão ao vivo na internet que a decisão de suspender a divulgação do número total de mortes e infetados no país "é uma tragédia".
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde, que reúne autoridades de saúde dos 27 estados brasileiros, emitiu uma declaração afirmando que as mudanças juntamente com a sugestão de executar uma revisão de dados consolidados por governos regionais enviados diariamente ao Ministério da Saúde visam "dar invisibilidade aos mortos".
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) informou, por sua vez, que "enquanto o número de mortos e contaminados atinge níveis recordes no país, devastando a vida de milhares de brasileiros, o Governo de Bolsonaro escolhe dificultar o acesso a informações sobre o progresso do vírus".
No início da noite, a Defensoria Pública da União (DPU), órgão governamental que indica gratuitamente advogados aos carenciados (advogados oficiosos), informou que avançou com um pedido judicial para exigir que o Ministério da Saúde volte a divulgar os números suprimidos no portal que relata dados da doença.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 397 mil mortos e infetou mais de 6,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.