Covid-19. Consequências "dramáticas" para São Tomé sem apoio de parceiros
O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe disse hoje que as consequências da covid-19 poderiam ser "dramáticas" para o país, "ou de tragédia como noutras paragens do globo", não fossem os apoios dos parceiros e as iniciativas do Governo.
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Mundo Covid-19
Jorge Bom Jesus, que apresentava no parlamento o relatório do Governo sobre os quatro meses da pandemia, acusou "atores políticos com representatividade e responsabilidade" de "usar a pandemia para fazer política".
A bancada parlamentar do Ação Democrática Independente (ADI) anunciou que vai apresentar, numa das próximas sessões do parlamento, uma moção de censura contra o Governo, que acusa de não saber lidar com a pandemia.
O primeiro-ministro respondeu que terá a "honra e privilégio" de estar na Assembleia Nacional para "um julgamento democrático", lembrando que em matéria de gestão do novo coronavírus, a história "absolverá" o executivo.
O governante lamentou que "todos, mas todos os são-tomenses" não estejam "unidos em torno do desígnio nacional", na "luta ingente contra a pandemia [de] covid-19" e citou o Evangelho de São João para acusar o ADI de ser como "os fariseus que perseguiam a mulher adúltera".
Jorge Bom Jesus sublinhou que, entre 16 de março e hoje, o seu Governo conseguiu "progressos assinaláveis, erros cometidos" e "lições aprendidas" no combate à doença, defendendo que depois da pandemia haverá "muita matéria prima para a história sanitária, social, cultural, ético moral, política económica e financeira" do país.
Nesta sessão parlamentar, em que se fez um minuto de silêncio em homenagem ao cidadão são-tomense Winston Rodrigues, assassinado em Portugal, e às vitimas mortais da covid-19 em São Tomé e Príncipe.
O Governo e os partidos políticos representados na Assembleia Nacional agradeceram à Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), Programa Alimentar Mundial (PAM) e aos governos português, brasileiro, da China, e à Fundação Jack Má pelo apoio concedido ao país no combate à covid-19.
"Houve uma grande teia de solidariedade", reconheceu o chefe do executivo são-tomense, lembrando que o seu Governo começou 2020 "com muita expectativa, a sonhar alto", mas que veio a ser defraudada pela pandemia de covid-19.
"Estávamos a sonhar alto, foi o início dos grandes projetos estruturantes, tais como a requalificação do aeroporto, a Marginal 12 de Julho, as energias renováveis, o primeiro furo de petróleo na Zona Económica Exclusiva, exploração conjunta de petróleo com a Guiné Equatorial. Porém, a pandemia chegou, abalou os alicerces do mundo e impôs a sua lei", lamentou o governante.
O primeiro-ministro prometeu, "nesse processo de aprendizagem para lidar com o inimigo invisível", que o seu Governo "vai continuar a pugnar pela inclusão das competências nacionais, transparência na gestão da coisa pública, espírito patriótico, abnegação e muito trabalho".
As duas bancadas que apoiam o Governo, designadamente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe-Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) e a coligação PCD, UDD, MDFM saudaram as medidas aplicadas pelo executivo para travar a propagação do novo coronavírus , que provocou 13 óbitos desde que foi declarada a pandemia em meados de março.
"Tivemos momentos difíceis, estamos a ter momentos difíceis e vamos ter que continuar nesse percurso", disse o líder da coligação, Danilson Cotu, pedindo ao Governo para apresentar ao parlamento um orçamento retificativo onde deverá incluir "uma atenção particular aos serviços de saúde preventiva".
O MLSTP-PSD considerou, por seu lado, que depois da pandemia o executivo de Jorge Bom Jesus deve "precaver-se" no apoio que os parceiros dão ao país em matéria de saúde.
"A cooperação cobre várias áreas de evacuações sanitárias, operadas a partir de São Tomé e Príncipe", sendo por isso necessário "precaver-se contra eventuais inconveniências no domínio da cooperação no mundo pós covid-19", disse o líder da bancada, Amaro Couto.
O responsável instou o Governo a "assumir-se desde já e decididamente na reestruturação e inovação" do principal hospital do país, Aires de Menezes, "como hospital de referência e na construção de um novo hospital, aproveitando-se do dinheiro do Fundo caso se mostre ainda disponível".
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 505.500 mortos e infetou mais de 10,32 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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