Diretora da OMS não quer África no fim da fila para futura vacina

A diretora para África da Organização Mundial de Saúde (OMS) defendeu hoje acesso equitativo a uma futura vacina para a covid-19, lembrando que "com demasiada frequência", os países africanos ficam "no fim da fila".

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Lusa
09/07/2020 16:27 ‧ 09/07/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

evidente que à medida que a comunidade internacional se reúne para desenvolver vacinas e terapêuticas seguras e eficazes para a covid-19, a igualdade deve ser um foco central destes esforços", disse Matshidiso Moeti.

A responsável, que falava hoje numa conferência sobre a covid-19 e o desenvolvimento de uma vacina em África, incentivou, por isso, a comunidade internacional e os países africanos a tomarem medidas concretas para assegurar o acesso em igualdade de circunstâncias.

"Com demasiada frequência, os países africanos acabam no fim da fila para novas tecnologias, incluindo vacinas. Estes produtos que salvam vidas devem estar disponíveis para todos e não apenas para aqueles que podem pagar", sustentou.

A OMS e os seus parceiros lançaram o Acelerador de Acesso a Ferramentas Covid-19 (ACT, na sigla em inglês) para acelerar o desenvolvimento, produção e acesso equitativo a diagnósticos, terapêuticas e vacinas para a covid-19.

A organização está também a trabalhar com a Aliança para as Vacinas (GAVI) e outras organizações para assegurar "uma distribuição justa" de vacinas a todos os países, com o objetivo de fornecer dois mil milhões de doses a nível mundial para populações de alto risco, incluindo mil milhões para países de rendimento médio e baixo.

A nível mundial, existem quase 150 candidatos à vacina Covid-19 e atualmente 19 estão em ensaios clínicos.

A África do Sul é o primeiro país do continente a participar num ensaio clínico, com a Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, a testar uma vacina desenvolvida pelo Oxford Jenner Institute, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Espera-se que a vacina sul-africana Ox1Cov-19 VIDA-Trial envolva 2000 voluntários com idades entre os 18-65 anos e inclua algumas pessoas que vivem com VIH.

A vacina já está a ser testada no Reino Unido e no Brasil com milhares de participantes.

"Encorajo mais países da região a juntarem-se a estes ensaios, para que os contextos e a resposta imunitária das populações em África sejam tidos em conta nos estudos", disse Moeti.

África "tem os conhecimentos científicos necessários para contribuir amplamente para a procura de uma vacina eficaz. Os nossos investigadores ajudaram a desenvolver vacinas contra doenças transmissíveis como a meningite, ébola, febre amarela e uma série de outras ameaças comuns à saúde na região", acrescentou.

O número de mortos em África devido à covid-19 subiu hoje para 12.206, mais 251 nas últimas 24 horas, em cerca de 522 mil casos, segundo os dados mais recentes sobre a pandemia no continente.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infetados subiu para 522.104, mais 14.018 nas últimas 24 horas, enquanto o número de recuperados é hoje de 254.361, mais 9.293.

Com mais de 220 mil casos e 3.600 mortes, a África do Sul representa mais de 43% do total de infeções no continente.

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