Juan Miguel Martínez deu entrada num hospital, em Barcelona, no dia 24 de março, devido ao novo coronavírus e só saiu passado 119 dias, dos quais 55 em coma induzido. Febre, mal-estar e diarreia foram os sintomas que fizeram soar os alarmes e o levaram a dirigir-se a um centro de saúde, onde lhe fizeram um radiografia que revelou uma pneumonia.
Olhando para trás, Juan considera saber o dia preciso em que se infetou, conta ao El País, acrescentando que na altura o vírus seguia descontrolado e "pouco ou nada se sabia" sobre o facto de os casos assintomáticos serem também uma fonte de contágio.
Seis dias depois de um teste PCR ter revelado a infeção pela Covid-19, os médicos tentavam combatê-la com máscaras e garrafas de oxigénio, mas em vão. Já sem rasto do vírus no corpo, os efeitos continuavam, levando a que tivesse de ser entubado.
Nos quase dois meses que passou em coma, "sonhava com outra vida". "A minha mulher era diretora do hospital, eu era milionário e a minha filha tinha casado com um mulçumano", recordou. "Só pensava: 'o que é que me fizeram?'. Vim aqui por causa de um resfriado e agora não me consigo mexer", acrescentou.
A recuperação foi lenta e muito além desses tempos nos cuidados intensivos. Passou por três centros médicos, que ajudaram na reabilitação, e pelo caminho ficaram 27 quilos, a força nas pernas e a resistência para não chorar.