OMS continua a esperar regresso dos Estados Unidos
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde reiterou hoje esperar que o Governo dos Estados Unidos reconsidere o corte de relações com a agência da ONU, assegurando que "o problema não é de dinheiro".
© REUTERS/Denis Balibouse
"Os Estados Unidos são conhecidos pela sua generosidade, apoio e liderança na saúde global", afirmou Tedros Ghebreyesus, referindo-se, por exemplo, ao papel das administrações norte-americanas na luta contra a sida no seu país natal, a Etiópia.
Ghebreyesus afirmou que, na decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de deixar de financiar a OMS, "o problema não é o dinheiro, o financiamento, o importante é a relação com os Estados Unidos e o seu papel de liderança".
"Esperamos que os Estados Unidos reconsiderem a sua posição. Se há alguma questão com a a OMS ou com as Nações Unidas, estamos abertos a ser avaliados. A verdade pode saber-se, isso pode ser feito do interior, sem deixar a organização", declarou numa conferência de imprensa virtual integrada no Fórum de Segurança de Aspen, um encontro global organizado a partir dos Estados Unidos.
Para combater a pandemia da covid-19, "o mundo precisa de colaboração e de solidariedade entre as potências" porque "a liderança tem sido dos países, especialmente os maiores", indicou Tedros Ghebreyesus, apontando "o vazio" deixado pelas críticas de Trump, que comunicou no início de julho a saída da OMS dos Estados Unidos, que contribuem anualmente entre 400 e 500 milhões de dólares para a agência da ONU.
"Esta é uma situação sem precedentes. Esta pandemia virou o mundo do avesso e esta é a altura de trabalhar em conjunto, concentrados em combatê-la", defendeu Ghebreyesus.
O director-geral da OMS afirmou que, apesar da decisão política, ao nível científico, os Estados Unidos têm "participado ativamente" nos esforços da organização para combater a covid-19, esperando que "a relação regresse ao normal, mais forte do que antes".
Trump acusa a OMS de ser controlada pela China. Se a decisão não for revertida, a saída terá efeito a partir de julho de 2021.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 708 mil mortos e infetou mais de 18,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.743 pessoas das 52.061 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
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