Políticos e artistas exigem explicações após ameaça de Bolsonaro
Políticos de partidos da oposição e artistas brasileiros iniciaram uma campanha nas redes sociais para exigir explicações do Presidente do Brasil, após Jair Bolsonaro ter ameaçado um jornalista no domingo.
© Lusa
Mundo Brasil
Questionado por um repórter do jornal O Globo sobre cheques de Fabrício Queiroz - um ex-assessor investigado por desvio de dinheiro público juntamente com o filho mais velho do Presidente brasileiro -, que foram depositados na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro sem nenhuma explicação, Jair Bolsonaro respondeu com uma ameaça.
"Vontade que tenho é encher sua boca de porrada", disse o Presidente brasileiro ao repórter d'O Globo, que lhe perguntou sobre os depósitos em cheque feitos por Queiroz na conta da primeira-dama durante uma visita de Bolsonaro à catedral de Brasília.
Em resposta a esta ameaça, internautas, incluindo dezenas de figuras públicas, começaram uma campanha que está hoje entre os assuntos com mais menções na rede social Twitter, que exorta o Presidente brasileiro a responder à pergunta que motivou a ameaça.
"Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu 89 mil reais de Fabrício Queiroz?", questionou o cantor Caetano Veloso em sua conta no Twitter.
Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?
— Caetano Veloso (@caetanoveloso) August 23, 2020
"Bolsonaro e seus delírios de ditador falando em dar porrada em repórter por ter perguntado dos cheques de Queiroz para Michelle. Temos um valentão da oitava série no Palácio do Planalto. Por que não responde a pergunta?", perguntou, na sua conta também no Twitter, Marello Freixo, um dos principais responsáveis do Partido Socialismo Liberdade (Psol), que faz oposição ao Governo.
Bolsonaro e seus delírios de ditador falando em dar porrada em repórter por ter perguntado dos cheques de Queiroz para Michelle. Temos um valentão da oitava série no Palácio do Planalto. Por que não responde a pergunta?
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) August 23, 2020
Também o senador da oposição Randolfe Rodrigues, do partido Rede Sustentabilidade, perguntou: "Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?".
"Superamos a ditadura, somos uma democracia e Bolsonaro tem que respeitar os direitos adquiridos. Iremos apresentar denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA [Organização dos Estados Americanos] para que o órgão acompanhe a violência contra a liberdade de imprensa no Brasil", acrescentou na rede social Twitter o mesmo parlamentar.
Superamos a ditadura, somos uma democracia e Bolsonaro tem que respeitar os direitos adquiridos. Iremos apresentar denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA p/ que o órgão acompanhe a violência contra a liberdade de imprensa no Brasil.https://t.co/ulLemmhAc7
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) August 24, 2020
De acordo com denúncias publicadas nos últimos dias por diferentes meios de comunicação social do Brasil, o ex-assessor parlamentar Fabricio Queiroz fez entre 2011 e 2016 cerca de vinte depósitos na conta bancária de Michelle Bolsonaro no valor total de 89 mil reais (cerca de 13,3 mil euros).
Queiroz está atualmente detido em casa no âmbito de uma investigação que também envolve Flávio Bolsonaro, acusado de desvio de recursos públicos quando exercia o mandato de deputado estadual do Rio de Janeiro.
Segundo as denúncias, Flávio Bolsonaro exigiu que os seus assessores na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro lhe dessem uma parte dos seus salários, o que é ilegal, cabendo a Queiroz arrecadar o dinheiro e depositá-lo nas contas da família Bolsonaro.
Também entidades ligadas ao jornalismo e a liberdade de imprensa têm questionado o Governo brasileiro sobre o tratamento dado aos profissionais da área.
A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou nos últimos meses o elevado número de ataques feitos por Bolsonaro aos meios de comunicação e à liberdade de imprensa.
De acordo com um estudo da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), os ataques a jornalistas no Brasil, incluindo assassínios, agressões e ameaças, saltaram 54,07% no ano passado, de 135 casos, em 2018, para 208 casos, em 2019.
A Fenaj registou pelo menos 121 declarações públicas feitas por Bolsonaro no ano passado nas quais ele atacou ou desacreditou jornalistas ou veículos de comunicação social do país.
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