Covid-19: Líder indígena Raoni recebe alta após recuperar da doença
O líder indígena brasileiro Raoni Metuktire, que se tornou símbolo da luta pela preservação da floresta amazónica, recebeu hoje alta hospitalar após recuperar da covid-19, doença que teve diagnosticada há uma semana.
© Lusa
Mundo Covid-19
Raoni, de 90 anos, estava internado desde 28 de agosto no Hospital Dois Pinheiros, no estado do Mato Grosso, a 200 quilómetros da sua aldeia, depois de apresentar sintomas de pneumonia.
O diagnóstico de covid-19 foi posteriormente confirmado, juntamente com problemas de arritmia cardíaca.
O cacique Raoni, líder étnico do povo Kayapó, já se reuniu com vários líderes europeus para denunciar a política ambiental do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que defende a exploração económica, nomeadamente projetos de mineração e agricultura, dentro das terras indígenas na floresta amazónica mesmo que isto destrua a cultura e os interesses dos povos originários que habitam as áreas.
Jair Bolsonaro alega que tal desenvolvimento é a chave para a prosperidade económica da população local e do país.
Apesar de ser um incansável defensor dos direitos indígenas, Raoni foi profundamente afetado pela morte da sua mulher Bekwyjka, em 23 de junho, devido a um acidente vascular cerebral.
Os povos nativos foram duramente atingidos pela pandemia provocada pelo novo coronavírus devido, entre outros fatores, à fraca imunidade: cerca de 30.000 indígenas foram infetados e 785 morreram, segundo os últimos dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de quatro milhões de casos e 124.614 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 869.718 mortos e infetou mais de 26,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
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