Numa carta enviada a Giuseppe Conte, com data de 14 de setembro e que o primeiro-ministro cabo-verdiano divulgou hoje, Ulisses Correia e Silva recorda que os dois países foram "confrontados com a chocante notícia da morte" daquele jovem, que resultou de "um ato de barbárie".
"É com grande honra e satisfação que o Governo de Cabo Verde seguiu de perto a solidariedade e a atenção de vossa excelência para com a família de Willy Monteiro, pelo que muito sensibilizadamente agradecemos o seu gesto, em nome deste Governo e em meu nome pessoal, aguardando que a Justiça cumpra o seu papel", lê-se na carta.
Willy Monteiro Duarte, de 21 anos, filho de pais cabo-verdianos, foi assassinado em Colleferro, nos arredores de Roma, na noite de 04 de setembro, tendo as autoridades detido quatro suspeitos das agressões fatais.
"Se há lição que a história nos mostra é quando na adversidade o princípio de solidariedade preside às relações entre dois países, e é nesse desiderato que nos devemos unir, no sentido de fortalecer os laços já existentes, dos quais muito orgulhamos", acrescentou Ulisses Correia e Silva na carta enviada ao homólogo italiano.
O jovem morreu "depois de ter sido espancado até à morte", após ter tentado acalmar uma rixa junto a um estabelecimento de diversão noturna, noticiou na altura a imprensa italiana, num caso que nas últimas horas tem levado a forte comoção em Itália.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, que anunciou que iria ao funeral do jovem, mostrou-se mesmo "chocado" com os contornos do homicídio, assumindo confiar numa condenação "severa" dos autores pela justiça de Itália.
Numa mensagem que colocou poucos dias depois na sua página oficial na rede social Facebook, Giuseppe Conte assumiu que "a tragédia" que afetou a família do jovem de ascendência cabo-verdiana o "impressionou profundamente".
"Deixou-me chocado. Um jovem que recentemente atravessou o limiar dos 20 anos, estudava e trabalhava, vivia plenamente as suas paixões, suas emoções. Cultivava seus sonhos e provavelmente estava exposto às tantas incertezas que preocupam os jovens, intenções de construir o seu futuro de vida pessoal e profissional", apontou o primeiro-ministro italiano, na mensagem.
O governante italiano afirmou que as autoridades estão a investigar o caso e que "a Justiça certamente vai fazer o seu curso".
"Confiamos que em breve se chegue a condenações severas", assumiu Conte, apelando ao "respeito da pessoa" pela sociedade, contra a violência.
De acordo com a imprensa italiana, Willy estava acompanhado de um amigo, tendo este sido atacado por um grupo. Terá intervindo e pedido aos agressores para que estes parassem, mas o grupo de quatro jovens acabou por agredir Willy Monteiro Duarte.
Os suspeitos da morte do jovem, já detidos, têm entre os 22 e os 26 anos e estavam identificados pelas forças de segurança, estando conotados com elementos da extrema-direita.
A cara sorridente de Willy, um jovem que queria ser cozinheiro e sonhava jogar futebol no AS Roma, ocupa hoje lugar de destaque em todos os jornais e televisões em Itália. Durante a manhã de segunda-feira, o AS Roma partilhou, nas suas plataformas 'online' uma breve homenagem a Willy Monteiro.
"Willy Monteiro Duarte sonhava em um dia envergar a camisola 'giallorossi' da sua amada AS Roma. Esse sonho terminou na noite passada, nas circunstâncias mais trágicas e brutais. As nossas condolências à família e amigos do Willy", escreveu o clube, partilhando uma foto do jovem.
Filho de pais cabo-verdianos que se mudaram para Paliano, na província de Frosinone, há cerca de 30 anos, Willy Monteiro Duarte nasceu, tal como a irmã, em Roma, e estava integrado na vida de Paliano, tendo participado na equipa de futebol local, o ASD Paliano
Willy tinha deixado o clube para perseguir o objetivo de ser 'chef' de cozinha.