Brasil é vítima de "campanha brutal de desinformação sobre Amazónia"

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse hoje que o Brasil é vítima de uma "campanha brutal de desinformação sobre a Amazónia", intervindo na abertura do debate geral na 75.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

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Lusa
22/09/2020 16:15 ‧ 22/09/2020 por Lusa

Mundo

Jair Bolsonaro

"O agronegócio [do Brasil] continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legislação ambiental do planeta. Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazónia e o Pantanal", afirmou Bolsonaro.

"A Amazónia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o Governo e o próprio Brasil", acrescentou o chefe de Estado.

A declaração de Bolsonaro responde a uma série de críticas que o país sofre devido às queimadas e o avanço de ações de desflorestação em biomas importantes como a floresta amazónica e o Pantanal, que se acentuaram no seu mandato.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a desflorestação da Amazónia, maior floresta tropical do mundo, aumentou 34% de agosto de 2019 a julho de 2020 em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Este número anual inclui estações de seca e de chuva e também diz respeito a um período em que a gestão ambiental já estava totalmente a cargo do Governo liderado por Bolsonaro, que tomou posse em 01 de janeiro de 2019.

Já o Pantanal, bioma situado na região centro-oeste do Brasil, considerado a maior planície húmida do mundo e que tem 80% da sua área inundada na estação chuvosa, vive atualmente a maior seca das últimas cinco décadas e tem sido foco de grandes incêndios que já destruíram cerca de 20% do bioma.

"O nosso Pantanal, com área maior que muitos países europeus, assim como a Califórnia, sofre dos mesmos problemas. As grandes queimadas são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição", justificou Bolsonaro ao citar o bioma.

Pesquisadores e ativistas culpam Bolsonaro por incentivar a derrubada e venda ilegal de madeira, mineradores e especuladores de terras nas florestas ao enfraquecer a fiscalização ambiental e defender a mineração e a agricultura na como maneiras de desenvolver a economia do país.

Ignorando estas críticas, o Presidente brasileiro disse que o seu país garante a "segurança alimentar a um sexto da população mundial", usando apenas 27% do território para a pecuária e agricultura e, portanto, isto teria despertado interesse em rivais económicos a criticar o Governo brasileiro.

"E, por isso, há tanto interesse em propagar desinformações sobre o nosso meio ambiente. Estamos abertos para o mundo naquilo que melhor temos para oferecer, nossos produtos do campo. Nunca exportámos tanto. O mundo cada vez mais depende do Brasil para se alimentar", disparou o líder brasileiro.

Sem citar estudos científicos para comprovar as suas declarações e contrariando diversos especialistas em meio ambiente, o Presidente brasileiro negou os incêndios florestais e afirmou que a Amazónia é uma "floresta é húmida e não permite a propagação do fogo no seu interior".

"Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo [descendentes de indígenas e brancos] e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreasdesmatadas", declarou.

O Presidente brasileiro também frisou que a Amazónia é maior que toda a Europa Ocidental e, portanto, há alguma dificuldade em "combater, não só os focos de incêndio, mas também a extração ilegal de madeira e a biopirataria".

"Por isso, estamos ampliando e aperfeiçoando o emprego de tecnologias e aprimorando as operações interagências, contando, inclusive, com a participação das Forças Armadas", concluiu.

O Brsil abriu, como é tradicional, as intervenções de líderes na Assembleia Geral da ONU. Em 2020 a organização multilateral celebra 75 anos e o encontro iniciado hoje, que tem a pandemia de covid-19 como pano de fundo, impediu a presença de todos os participantes, levando-a para o formato de videoconferências.

 

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