Lukashenko nega que posse tenha sido secreta apesar de protestos

O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, negou hoje ter realizado uma tomada de posse secreta, alegando que o anúncio não é obrigatório, apesar de a situação ter provocado protestos nas ruas e confrontos com a polícia.

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Lusa
24/09/2020 12:26 ‧ 24/09/2020 por Lusa

Mundo

Bielorrússia

"Pelas leis bielorrussas não temos de notificar os países ocidentais ou qualquer outra pessoa", disse hoje Alexander Lukashenko, citado pela agência estatal Belta, acrescentando que cerca de 2.000 pessoas foram convidadas para a cerimónia, incluindo militares, funcionários do Estado e outras autoridades.

Lukashenko criticou a decisão de vários países de não reconhecer a sua legitimidade enquanto Presidente, após uma eleição considerada fraudulenta e a repressão de um vasto movimento de protesto.

"Estão a gritar que não nos reconhecem, mas nós nunca lhes pedimos que nos reconhecessem, que reconhecessem as nossas eleições, que reconhecessem o nosso Presidente reeleito", afirmou, durante uma receção do embaixador chinês e falando sempre na primeira pessoa do plural.

A União Europeia, a Alemanha, os Estados Bálticos, a Polónia e também os Estados Unidos sublinharam que não reconhecem Lukashenko como presidente legitimamente eleito da Bielorrússia.

Milhares de bielorrussos saíram às ruas na quarta-feira após ouvir a notícia da tomada de posse de Lukashenko, num ato que surpreendeu grande parte da população por não ter sido transmitido na televisão e que foi seguido de um apelo imediato da oposição para serem organizados protestos.

Mais de 364 pessoas foram detidas durante os protestos na sequência de confrontos com a polícia, que utilizou canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, recorrendo, em algumas ocasiões, à violência para deter manifestantes pacíficos, como se pode verificar em imagens divulgadas nas redes sociais, notícia a agência de notícias espanhola Efe.

De acordo com a porta-voz do Ministério do Interior da Bielorrússia, Olga Chemodanova, os protestos "assumiram um caráter agressivo" e, às vezes, foram acompanhados por confrontos com a polícia em que "foram atiradas pedras e outros objetos para causar danos corporais".

Segundo a responsável, os confrontos com a polícia envolveram sobretudo jovens com menos de 30 anos.

A organização de direitos humanos bielorrussa Vesná identificou 299 detidos nas manifestações da noite de quarta-feira, embora tenha especificado que a lista de pessoas detidas pela polícia ainda está em atualização.

Segundo a Vesná, as detenções aconteceram sobretudo na capital, mas também em cidades como Brest, Mogiliov e Gomel.

Alguns dos detidos foram libertados pouco depois de serem levados para as esquadras, embora a maioria continua sob custódia policial, segundo a organização humanitária.

Entretanto, o procurador-geral do país, Andréi Shved, avisou que todos os que comparecerem a eventos não autorizados podem ser multados.

"A abordagem será única: se esteve num ato não autorizado, vai pagar uma multa. E os valores serão substanciais", disse.

Segundo a comissão eleitoral da Bielorrússia, Lukashenko, no poder há 26 anos, foi reeleito com 80,1% dos votos nas eleições de 09 de agosto, resultado rejeitado pela oposição e por grande parte dos países ocidentais.

A líder da oposição no exílio, Svetlana Tikhanovskaia, a quem as autoridades eleitorais concederam cerca de 10% dos votos nas eleições presidenciais, reiterou que é a única líder eleita pelo povo.

Tikhanovskaia afirmou na quarta-feira, em reunião por videoconferência com alguns deputados da Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que "a tomada de posse secreta [de Lukashenko] é uma tentativa de tomada do poder".

"Mas isso significa que, a partir de hoje, Alexander Lukashenko deixou de ser o Presidente legal ou legítimo da Bielorrússia", disse.

 

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