"Se as escolas tivessem funcionado como amplificadores do contágio, já se teria observado um efeito na incidência global ", após ter-se ultrapassado o período de duas semanas utilizado como indicador do progresso da doença, afirmam os técnicos do grupo de Biologia Computacional e Sistemas Complexos da Universidade Politécnica da Catalunha (BIOCOMSC).
O relatório analisa o país como um todo e de uma forma mais específica a situação nas comunidades autónomas da Andaluzia, Catalunha, Madrid, Comunidade Valenciana (nestas quatro encontra-se 61% da população escolar) e Castela e Leão.
A evolução da incidência na Catalunha e em Valência "é igual ou melhor do que durante o início" do ano escolar, em setembro, enquanto Andaluzia, Castela e Leão e Madrid seguem a tendência ascendente, embora "as escolas não pareçam ser a força motriz na transmissão" da doença, afirmam os especialistas.
Os dados da Catalunha apontam nessa direção, com 87% de um grupo de crianças em idade escolar a não gerarem infeções secundárias (no mesmo grupo) a partir do doentes zero.
Nos casos de doentes zero que geraram infeções, estas cadeias foram curtas, dois ou três casos na sua maioria, de acordo com os técnicos.
Os dados fornecidos pelos peritos do BIOCOMSC indicam que as infeções de covid-19 aumentaram na Catalunha durante a quinzena de 14 a 30 de Setembro, para 12% em crianças dos zero aos nove anos, quase quatro pontos mais do que na quinzena anterior (8,8% entre 01 e 13 de Setembro).
Entre os 10 e 19 anos, o número de casos também subiu de 11,8% para 13,7%, e em contraste caiu de 18,1% para 15% no grupo etário dos 20-29 anos.
Na Andaluzia, a tendência é semelhante mas não tão pronunciada, subindo para 12,2% entre os 0-14 anos na segunda quinzena de setembro, contra 10,6% na primeira metade, e mantendo-se a mesma entre os 15-29 anos com 19%.
"Estes aumentos estão associados a um maior esforço de diagnóstico, rastreio nas escolas e vigilância epidemiológica associada", afirmam os investigadores.
Por outro lado, na Comunidade Valenciana, as infeções diminuíram ligeiramente no grupo etário de 0-9 anos na segunda quinzena de setembro, para 8,5%, quando na primeira metade era de 9%, o mesmo que entre os 10 e 19 anos de idade, com 10,3% de infeções (14 e 30 de setembro) contra 11,9% (01 e 13 de setembro).
No lado negativo está Castela e Leão, onde as infeções de crianças (0 a 9 anos) dispararam até 22,8% na segunda quinzena de Setembro, quando na primeira foi de 12,7%.
Entre as crianças e jovens dos 10 aos 19 anos desta comunidade, o número de casos também aumentou, mas menos, com 14,6% na segunda quinzena, dois pontos acima do que no primeiro (12,2%), segundo os dados fornecidos pelo BIOCOMSC.
Os investigadores acrescentaram a Comunidade de Madrid ao estudo, devido à sua importância internacional, mas não dispõem de números desta região com uma listagem de casos por idade.