Boris Johnson referiu, esta sexta-feira, que é altura de o Reino Unido se "preparar" para uma saída sem acordo com a União Europeia, cita a Sky News. O primeiro-ministro britânico disse ainda, a partir de Downing Street, que Bruxelas "abandonou" a ambição.
"Tendo em conta que temos apenas 10 semanas até ao fim do período de transição, a 1 de janeiro, eu tenho de fazer uma avaliação sobre o possível resultado e preparar-nos", disse, numa declaração previamente gravada transmitida nas televisões britânicas.
Boris Johnson acusou a UE de ter "recusado negociar de forma séria nos últimos meses" e de os líderes dos 27 terem posto de parte, no Conselho Europeu a decorrer em Bruxelas, a hipótese de um acordo semelhante ao que fizeram com o Canadá".
"Conclui que devemos preparar-nos para, no dia 1 de janeiro, termos que são mais parecidos com os da Austrália, baseados em princípios simples de comércio livre global", afirmou.
Recorde-se que já no passado dia 7, Boris Johnson disse estar "pronto" para um fracasso nas negociações de um acordo de comércio pós-Brexit com a União Europeia, numa conversa com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
"O primeiro-ministro destacou o nosso compromisso claro em tentar chegar a um acordo, destacando que um acordo era melhor para ambas as partes. Também sublinhou, no entanto, que o Reino Unido está preparado para encerrar o período de transição nos termos de estilo australiano se um acordo não pudesse ser encontrado", disse o Governo britânico num comunicado.
Londres usa o exemplo da Austrália para se referir à hipótese de ausência de acordo porque a relação económica de Camberra com os 27 é regulada pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), ou seja, com uma série de tarifas aduaneiras e limites ao volume de produtos exportados.
O Reino Unido deixou oficialmente a União Europeia a 31 de janeiro, mas continua a aplicar as regras do bloco europeu até 31 de dezembro.
O Reino Unido e UE estão a tentar negociar um acordo que garanta um acesso das empresas britânicas ao mercado único europeu sem tarifas nem taxas aduaneiras, mas restam alguns pontos de discórdia, nomeadamente na questão das pescas.
[Notícia atualizada às 13h10]