Um porta-voz do Ministério Público de Colónia, cidade do oeste alemão, confirmou hoje a existência de "duas ordens internacionais de detenção" sem precisar a quem, mas o Süddeutsche Zeitung e os canais de televisão NDR e WDR avançaram que se tratava de Mossack e Fonseca.
De acordo com o Süddeutsche Zeitung, as autoridades alemãs esperam que Mossack, que tem família na Alemanha, enfrente voluntariamente um processo judicial e que, como parte de um acordo e devido à sua idade (72 anos), possa evitar uma sentença mais longa.
O diário estima que também poderá livrar-se de um processo penal nos Estados Unidos, já que, se Mossack for julgado na Alemanha, as autoridades norte-americanas provavelmente não voltariam a julgá-lo sobre os mesmos crimes.
Por sua vez, os canais NDR e WDR acrescentam que as autoridades alemãs aparentemente reuniram provas suficientes para emitir ordens de detenção contra os fundadores da empresa do Panamá.
No entanto, recordam que a justiça alemã, em princípio, terá dificuldade em deter se não se entregarem voluntariamente, uma vez que tanto Mossack como Fonseca têm passaporta do Panamá e este país não extradita os seus cidadãos.
Os três meios de comunicação social alemães acrescentam que ainda neste mês, registaram-se buscas num domicílio localizado na 'Land' de Hesse (centro) relacionadas com uma investigação sobre um parten de Mossack que vive na Alemanha e tem interesses numa empresa registada no Panamá através do escritório de Mossack-Fonseca e que não tunha declarado às autoridades fiscais alemãs.
Os Papéis do Panamá resultam de uma fuga de documentos do escritório de advogados panamense Mossack-Fonseca ao citado diário alemão e ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
Estes documentos revelaram a ocultação de propriedades de empresas, ativos, lucros, evasão fiscal de chefes de Estado e de Governo, líderes da política mundial, pessoas políticamente expostas e personalidades das finanças, negócios, desporto e artes.
Em abril de 2016, centenas de meios de comunicação tiveram acesso à base de dados da empresa Mossack-Fonseca e revelaram que personalidades de todo o mundo contrataram os seus serviços para criar sociedades 'offshore' e alegadamente fugir aos impostos.