"Não é minha recompensa pessoal, é uma recompensa para o povo bielorrusso", disse Svetlana Tikhanovskaya numa conferência de imprensa em Copenhaga, onde realiza uma visita de dois dias.
"Eu não seria ninguém sem o povo bielorrusso. E da mesma forma se não houvesse um líder, o povo bielorrusso não seria capaz de unir-se para continuar a luta", disse a mais conhecida dirigente do movimento contra o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
"É um sinal para o nosso regime perante os outros países que a nossa luta pela dignidade humana, pelos direitos humanos, é muito importante para os nossos países vizinhos", declarou.
"Estamos a lutar e não vamos desistir", prometeu a política de 38 anos, forçada ao exílio na Lituânia.
O prémio do Parlamento Europeu deverá suscitar a desaprovação de Minsk, mas também a de Moscovo, que apoia o Presidente Lukashenko.
As autoridades russas já haviam reprovado a escolha do vencedor em 2018, o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, então preso.
Desde a eleição presidencial de 09 de agosto, considerada fraudada pela oposição do país, a Bielorrússia tem sido palco de protestos sem precedentes contra a reeleição do Presidente Alexander Lukashenko, que está no poder desde 1994, tendo criado um regime inspirado no intervencionismo político e económico soviético.
A oposição democrática na Bielorrússia venceu hoje o prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento de 2020, anunciou hoje o presidente do Parlamento Europeu (PE), David Sassoli, em sessão plenária.
O prémio atribuído distingue o Conselho de Coordenação da Bielorrússia, qualificado pelo PE como uma "iniciativa de mulheres corajosas e figuras da sociedade civil e política", e que engloba diferentes personalidades, como a recente candidata à presidência do país, Svetlana Tikhanovskaya, ou a laureada com o prémio Nobel da literatura em 2015, Svetlana Alexijevich.
Além da oposição bielorrussa, eram também finalistas a ambientalista hondurenha Berta Cáceres e os ativistas de Guapinol, e o arcebispo de Mossul (Iraque), Najib Mikhael Moussa.
A União Europeia (UE) recusa-se a reconhecer os resultados eleitorais de 09 de agosto na Bielorrússia, que deram como vencedor Aleksander Lukashenko, com 80% dos votos, tendo aprovado um pacote de sanções a várias personalidades do regime, incluindo o próprio Lukashenko.