Entre os manuscritos mais solicitados estavam as nove páginas do discurso do ditador aos futuros oficiais da Wehrmacht (forças armadas), em 18 de janeiro de 1939 na Chancelaria do Reich, que foi vendido por 34.000 euros.
Os outros seis discursos com a caligrafia de Hitler foram leiloados entre 12.500 e 32.000 euros.
Entre os objetos a leilão encontravam-se também várias edições de "Mein Kampf", tanto da sua biblioteca pessoal como outros com dedicatórias de Hitler, que alcançaram um valor entre 4.200 e 11.000 euros.
Também foram vendidos artigos pessoais do ditador, como talheres, entre outros objetos de serviços de mesa, vendidos entre 900 e 4.600 euros.
Da mesma forma, objetos pessoais e manuscritos de outros altos funcionários do regime nazi - como Hermann Göring, Heinrich Himmler, do arquiteto e ministro dos Armamentos do regime, Albert Speer, bem como várias cartas da cineasta a serviço do regime Leni Riefenstahl, dirigidas ao "Führer" - foram vendidos entre 2.100 e 2.700 euros.
Entre as várias medalhas e condecorações leiloadas estão várias cruzes espanholas, distinção atribuída pela Alemanha nazi aos soldados da Wehrmacht que participaram na Guerra Civil Espanhola pelo lado franquista e que atingiram um valor entre 1.000 e 2.100 euros.
Um lote com decorações e livros de voo de um membro da Legião Condor foi leiloado por 2.300 euros.
O presidente da Associação Judaica Europeia (AJE), rabino Menachem Margolin, condenou veementemente o leilão desses "lotes detestáveis" de peças nazis num momento em que a Alemanha está a experimentar um 'boom' do antissemitismo.
A licitação "desafia a lógica, a decência e a humanidade" e contribui para legitimar "uma cultura de entusiastas em relação a Hitler", disse o rabino dias antes do leilão, apelando à não participação no evento.
Já em 2019, a casa de leilões Hermann Historica foi criticada por um leilão semelhante no qual os lotes foram comprados pelo empresário libanês Abdallah Chatila, que mais tarde os doou ao Yad Vashem.
Margolin declarou que não se deve confiar em outro milagre como o de Abdallah Chatila, acrescentando que em tempos de pandemia do SARS-CoV-2 "não se deve permitir o vírus do antissemitismo".