"Digo-vos hoje que se a Administração de Trump não mudar de plano e não levar a cabo um processo de vacinação equitativo, faremos valer os nossos direitos legais. Iremos avançar com medidas legais para proteger os nova-iorquinos", afirmou Andrew Cuomo hoje, enquanto discursava numa igreja em Manhattan, citado pela agência EFE.
"Não vou permitir que se abuse dos nova iorquinos, nem que sejam intimidados", acrescentou.
Na sexta-feira, o Presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou não distribuir os primeiros lotes da futura vacina contra o coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, a Nova Iorque. Andrew Cuomo tem sido um dos maiores críticos da gestão que a Administração Trump tem feito da pandemia.
"O governador Cuomo terá de nos dizer quando estiver preparado, porque caso contrário não podemos entregá-la a um estado que não distribuirá imediatamente à sua população", afirmou Donald Trump dias depois de a farmacêutica Pfizer, com sede em Nova Iorque, ter anunciado que a sua vacina contra o SARS-CoV-2 tem uma eficácia de 90%.
Andrew Cuomo "não confia de onde vem a vacina", acrescentou.
"Estas vêm das maiores empresas do mundo, dos maiores laboratórios do mundo, mas ele não confia no facto de ser a Casa Branca, esta Administração, razão pela qual não a entregaremos em Nova Iorque até que tenhamos autorização para fazê-lo, e custa-me dizer isso", acrescentou Trump.
Nova Iorque foi, nos primeiros meses, o epicentro da pandemia de covid-19 nos Estados Unidos e, embora o número de casos se tenha multiplicado em vários estados à medida que o ano foi avançando, ainda ocupa o primeiro lugar no número de mortos, 33.993, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
Recentemente, Andrew Cuomo tinha anunciado que as autoridades estatais iriam rever a futura vacina contra a covid-19 e que recomendaria a todos os nova-iorquinos que não se vacinassem até que as autoridades de Nova Iorque completassem o processo.
Além disso, assinalou em mais de uma ocasião que o plano de distribuição da vacina discrimina as minorias e as comunidades mais pobres, que já sofrem os piores efeitos da pandemia.
O governador voltou a defender hoje que o plano de Trump depende de médicos e hospitais privados para distribuir a vacina, aos quais têm menor acesso as comunidades minoritárias em comparação com os setores da população branca.
"Não podemos agravar uma injustiça racial que a covid já criou", disse Andrew Cuomo, recordando que as minorias têm uma taxa de mortalidade e de infeção duas vezes maiores às de outras faixas da população.
"Nova Iorque terá um exército para vacinar todos os nova-iorquinos de uma maneira justa e equitativa", disse, assinalando que irá 'alistar' grupos comunitários, religiosos e médicos.
"Nenhum estado o fará melhor", garantiu.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.313.471 mortos resultantes de mais de 54 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (245.614) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de 10,9 milhões).
As medidas para combater a covid-19 paralisaram setores inteiros da economia mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a pandemia reverterá os progressos feitos desde os anos de 1990, em termos de pobreza, e aumentará a desigualdade.
O FMI prevê uma queda da economia mundial de 4,4% em 2020, com uma contração de 4,3% nos Estados Unidos e de 5,3% no Japão, enquanto a China deverá crescer 1,9%.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,3 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 3.381 em Portugal.