O ex-presidente "tem direito a um juiz imparcial", argumentou o seu advogado, Muzi Sikhakhane, sublinhando que a presença física de Zuma perante a comissão de inquérito mostra que nunca pretendeu questionar a sua autoridade.
Desde que foi citado em julho de 2019, o antigo chefe de Estado recusou comparecer reiteradamente, evocando razões de saúde ou o envolvimento num outro processo judicial.
Na passada quarta-feira, Zuma apresentou formalmente um pedido, a que começou por aludir em setembro último, instando Zondo - vice-presidente do Tribunal Constitucional sul-africano e presidente da comissão de inquérito conhecida pelo seu apelido - a que peça escusa do processo, alegando que ligações pessoais entre ambos colocam em causa a imparcialidade do juiz.
"O facto do Sr. Zuma ter casado com a irmã de uma mulher com quem tive uma relação, que terminou há vários anos, nunca afetou o desempenho das minhas funções", contrapôs Zondo numa declaração divulgada no final de outubro.
Até ao último momento, não era garantido que Zuma comparecesse na audição agendada para esta manhã e o ex-chefe de Estado nada fez para esclarecer essa dúvida, ainda que o não comparecimento perante a comissão sem razão suficiente constituísse "um delito criminal", como fez questão de sublinhar Raymond Zondo no início de outubro.
Alguns apoiantes reuniram-se esta manhã em frente da comissão em Joanesburgo, onde entoaram slogans pró-Zuma.
A comissão Zondo, que investiga o período em que Zuma esteve no poder, entre 2009 e 2018, ouviu até agora dezenas de ministros, ex-ministros, funcionários eleitos, homens de negócios ou altos funcionários durante os últimos dois anos e deverá prosseguir os seus trabalhos até Março de 2021.
Envolvido em escândalos, Jacob Zuma foi obrigado a demitir-se em 2018 e substituído por Cyril Ramaphosa, que se comprometeu a erradicar a corrupção no país.
O ex-presidente sul-africano é suspeito de ser conivente com a delapidação generalizada dos recursos do Estado através de meios ilícitos, especialmente ao favorecer os assuntos de um trio de empresários envolvidos em vários processos de corrupção, os irmãos Gupta.
O antigo presidente está também a ser processado num caso de suborno, com mais de 20 anos, em que é acusado de ter recebido comissões do grupo francês Thales num negócio de compra de armas.