As autoridades não informaram sobre o número de participantes no funeral, que decorre em Lahore (este), mas segundo observadores locais terá chegado a centenas de milhares de pessoas, a maioria sem respeitar o uso obrigatório de máscara para conter uma segunda onda da pandemia que ameaça o Paquistão.
Khadim Hussain Rizvi, de 54 anos, que fundou, em 2015, o Tehreek-e-Labbaik Paquistão (TLP), um movimento extremista influente, morreu na quinta-feira num hospital em Lahore, após dificuldades respiratórias e febre alta.
As causas da morte não são conhecidas e não foi realizado nenhum teste à covid-19 nem autópsia.
"Já viu algum funeral tão importante para uma figura política ou religiosa?", questionou um participante. "Claro que o movimento vai sobreviver", acrescentou Farhad Abbasi.
Khadim Hussain Rizvi estava por trás dos protestos frequentes contra os franceses que agitaram o Paquistão desde setembro, após a republicação de caricaturas do profeta Maomé pelo semanário satírico Charlie Hebdo.
A morte do fundador aconteceu poucos dias depois de o movimento TLP mobilizar vários milhares de pessoas à porta de Islamabad em protesto contra as declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que defendeu o direito ao 'cartoon' em nome da liberdade de expressão, durante a homenagem a um professor morto após mostrar as caricaturas de Maomé aos seus alunos.
A mensagem de Khadim Hussain Rizvi também pode ter inspirado Zaheer Hassan Mahmoud, o paquistanês acusado de ferir gravemente duas pessoas com uma arma branca, junto das antigas instalações do Charlie Hebdo, em setembro, em Paris. Segundo a justiça francesa, este paquistanês terá "assistido abundantemente" a vídeos do TLP.
Vários altos funcionários do Governo paquistanês, incluindo o primeiro-ministro, Imran Khan, apresentaram as suas condolências à família do religioso, testemunhando a sua influência na sociedade paquistanesa.
"De certa maneira, ele era ainda mais perigoso de que os Talibãs, os seus apoiantes não estão limitados a zonas tribais afastadas, estão em grande número nos principais centros do país", observa Omar Waraich da Amnistia Internacional.
Rizvi defendia que "no Paquistão o verdadeiro poder pode vir das ruas, onde não é preciso ter a maioria dos eleitores, mas simplesmente um grande número de adeptos armados".