São Paulo endurece restrições após alta de casos na pandemia
O governo regional do estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil, com cerca de 44 milhões de habitantes, anunciou hoje que vai endurecer as medidas restritivas para conter o aumento de casos de covid-19.
© Lusa
Mundo Covid-19
"Com um claro aumento da instabilidade da pandemia, decidimos que 100% do estado de São Paulo retornará à fase amarela do plano de contenção do [novo] coronavírus", disse o governador de São Paulo, João Doria, numa conferência de imprensa.
Doria explicou que a mudança não provocará o encerramento total de lojas, bares, restaurantes, mas restringirá o horário de funcionamento destes estabelecimentos e limitará a capacidade de atenderem presencialmente o público para 40% de sua lotação.
O endurecimento das medidas restritivas foi anunciado num momento em que o Brasil experimenta uma relevante alta de casos de covid-19, óbitos e internamentos provocadas pela doença, após todo o país apresentar uma tendência clara de desaceleração, durante várias semanas consecutivas.
Até agora, 76% do estado de São Paulo, que em números absolutos concentra o maior número de infetados (1,24 milhão) e óbitos (42.076) provocados pela covid-19 no Brasil, estava na chamada fase verde, que é a penúltima de cinco etapas que compõem o plano de contenção regional da doença. Agora, portanto, será necessário retroceder uma etapa.
Doria reconheceu que "o país está exausto de medidas de isolamento" social, mas ressaltou que é necessário "insistir em medidas de prevenção e cuidados, até à chegada de uma vacina" contra a covid-19.
"É uma medida de prudência que estamos a tomar, para melhorar o controlo da pandemia", disse o governador, que descartou, porém, a aplicação de um 'lockdown'.
Doria também pediu ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e ao Ministério da Saúde que apresentem um plano nacional de imunização, para quando uma vacina contra o novo coronavírus estiver disponível.
"Entendemos que nessas circunstâncias cabe ao Governo Federal e ao Ministério da Saúde apresentar imediatamente à população brasileira qual é o seu programa de imunização", frisou.
Com o retrocesso no plano de contenção e o agravamento da pandemia, o Governo de São Paulo disse que voltará a fazer uma avaliação da situação da doença no estado semanalmente, e não a cada 28 dias como vinha ocorrendo.
O anúncio das novas restrições ocorre um dia depois da segunda volta das eleições municipais, realizada neste domingo e em que o prefeito Bruno Covas, do mesmo partido de Doria, foi reeleito prefeito da capital do estado, a cidade de São Paulo.
De acordo com especialistas, as campanhas eleitorais das últimas semanas para as eleições municipais, assim como o primeiro dia de votação, realizado em 15 de novembro, têm sido uma das fontes de disseminação do vírus neste último mês.
Especialistas também temem que a maior circulação de pessoas neste domingo, quando milhões de brasileiros foram convocados às urnas em 57 cidades do país, possa produzir igualmente uma aceleração no índice de contágio nos próximos dias.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,3 milhões de casos e 172.833 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.460.018 mortos resultantes de mais de 62,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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