Segundo a publicação mensal da agência de estatísticas Rosstat, a Rússia contabilizou em outubro deste ano 205.500 mortes, mais 47.800 do que no mesmo mês do ano anterior.
A última vez que a Rússia registou um mês tão mortífero remonta a agosto de 2010, período de canícula sem precedentes que esteve na origem de incêndios gigantescos que envenenaram a atmosfera em Moscovo.
A Rosstat não avança quaisquer explicações para esse excesso de mortalidade elevada, adiantando unicamente que 21.761 pessoas contaminadas com o novo coronavírus ou suspeitas de o ter morreram em outubro passado, incluindo 11.630 casos em que a causa primária do óbito é a ligada à covid-19.
Os números são, eles próprios, superiores aos contabilizados diariamente pela agência noticiosa France-Presse (AFP) com base em dados fornecidos pelas autoridades sanitárias russas, que dão conta de um total de 7.274 mortes devido ao novo coronavírus em outubro.
Entre abril e o fim de outubro deste ano, a mortalidade excessiva subiu para quase 165.000 mortes em relação ao mesmo período de 2019, enquanto que, desde o início da pandemia, as autoridades sanitárias russas apenas contabilizaram oficialmente 45.280.
Os números realçam que a Rússia tem sido alvo de críticas pela metodologia de cálculo das mortes pelo novo coronavírus, uma vez que as autoridades só contabilizam os que morreram, depois de autopsiados, tendo como primeira causa a covid-19.
Em vários países, nomeadamente na Europa Ocidental, a quase totalidade das mortes de pacientes cujos testes deram positivo ao novo coronavírus são contabilizados.
A Rússia foi um dos primeiros países a anunciar o desenvolvimento de uma vacina, batizada "Sputnik V", numa referência ao satélite soviético.
Com uma eficácia de 95%, segundo Moscovo, a vacina começou a ser administrada "em grande escala" na semana passada.
Nos últimos dias, os contágios provocados pela pandemia de covid-19 na Rússia estabilizou em redor dos cerca de 28.000 novos casos diários.
Até quinta-feira, o total de casos contabilizados oficialmente era de 2.569.126, colocando o país em quarto lugar no número de infeções no mundo.
As autoridades russas, no entanto, têm recusado discutir um segundo confinamento nacional, argumentando em particular sobre o pesado custo económico causado pelo confinamento de abril e maio.