O governo de coligação de Israel caiu esta terça-feira, o que vai obrigar os israelitas a votarem na quarta eleição em apenas dois anos, adianta o The New York Times.
O Knesset, o parlamento israelita, dissolveu-se à meia-noite desta quarta-feira, hora local (22 horas de terça-feira em Portugal Continental).
A dissolução do Knesset surge após semanas de conflito e de paralisia no governo denominado de unidade, e que juntou o conservador Likud do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ao partido centrista Azul e Branco de Benny Gantz.
A parceria entre Netanyahu e o seu rival Gantz durou sete meses e cada lado da barricada culpou o outro pelo colapso governamental.
"Penso que nesta altura, devíamos ter unido forças para procurar uma forma de evitar estas desnecessárias eleições", lamentou o primeiro-ministro de Israel, que ainda tentou, sem sucesso, adiar a dissolução do Knesset.
Por seu turno, Benny Gantz, que ocupa o cargo de ministro da Defesa, ressalvou que o partido Azul e Branco entrou no governo de coligação para "servir os melhores interesses do país, dadas as necessidades e a escala do momento", isto apesar do custo político que pagou. "Infelizmente, não encontrámos parceiro algum do outro lado", acrescentou Gantz.
A nova eleição em Israel está agendada para o dia 23 de março.
A sombra dos problemas legais de Netanyahu que gerou a crise
O Knesset dissolveu-se de forma automática após falhar o prazo legal para aprovar o orçamento de 2020. O Likud, o partido de Netanyahu, detém a pasta das Finanças e recusou apresentar o orçamento, algo que violou o acordo de coligação estabelecido com o partido Azul e Branco de Gantz. Este foi o motivo apresentado para a queda do governo.
Mas, mais do que a questão do orçamento, o que está na origem do colapso do governo israelita é a desconfiança que reina entre Netanyahu e Gantz, mas principalmente os problemas legais que envolvem Netanyahu e o julgamento por suspeitas de corrupção que está no horizonte. Um espectro demasiado grande e que fragilizou desde o início o governo de coligação.
Nos últimos meses, mesmo com as restrições impostas devido à pandemia, milhares de israelitas têm marcado presença em protestos semanais contra o primeiro-ministro.
O julgamento de Benjamin Netanyahu, que está acusado de suborno, fraude e quebra de confiança, vai entrar numa fase importante no início de 2021. Uma etapa na qual terá de marcar presença regular no tribunal.
O líder israelita nega ter cometido qualquer ato ilegal.
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