"A China opõe-se firmemente às acusações infundadas e à manipulação política", declarou o porta-voz da diplomacia chinesa, Guo Jiakun, em conferência de imprensa, um dia depois de o seu embaixador em Kyiv ter sido chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que pelo menos 155 chineses estão a combater ao lado de soldados russos - dois dos quais foram capturados pelos ucranianos - e que sabia que a China está a fornecer armas à Rússia.
Este último ponto foi negado várias vezes por Pequim nos últimos meses.
Na terça-feira, os diplomatas ucranianos anunciaram que tinham convocado o embaixador chinês Ma Shengkun para expressar a sua "profunda preocupação" com estas alegações de envolvimento direto de Pequim no esforço militar de Moscovo.
A Ucrânia afirmou ter apresentado provas que transmitiu à China através dos seus serviços secretos.
De acordo com uma declaração emitida por Kyiv na terça-feira, o "vice-ministro dos Negócios Estrangeiros [ucraniano], Yevhen Perebyinis, sublinhou que a participação de cidadãos chineses nas hostilidades contra a Ucrânia ao lado do Estado agressor [Rússia] e o envolvimento de empresas chinesas na produção de equipamento militar na Rússia são muito preocupantes e contradizem o espírito de parceria entre a Ucrânia e a China".
Perebyinis "exortou a parte chinesa a tomar medidas para deixar de apoiar a Rússia na sua agressão contra a Ucrânia".
O vice-ministro ucraniano "assegurou que o [seu] país atribui importância à sua parceria estratégica com a China e espera que a China se abstenha, no futuro, de quaisquer medidas suscetíveis de prejudicar as relações bilaterais".
Mas Pequim já tinha negado firmemente este facto.
"O lado chinês nunca forneceu armas letais a nenhuma das partes em conflito e controla rigorosamente os bens de dupla utilização", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian, a 18 de abril.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês já tinha denunciado a "manipulação e a propaganda mediática" em torno dos dois cidadãos chineses capturados na Ucrânia.
A China apela regularmente a conversações de paz e ao respeito pela integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia.
No entanto, nunca condenou a Rússia e reforçou as suas relações económicas, diplomáticas e militares com Moscovo desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.
A China é acusada, em particular, de ajudar o seu vizinho russo a contornar as sanções ocidentais, permitindo-lhe adquirir os componentes tecnológicos necessários para produzir armas de guerra.
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