De acordo com um comunicado divulgado pelo Departamento da Justiça dos EUA, citado pelas agências France-Presse (AFP) e Associated Press (AP), a Walmart - uma das maiores cadeias de hipermercados no país - é acusada de "distribuir ilegalmente substâncias controladas e prescritas durante o auge da crise de opioides" para as farmácias daquela multinacional em território norte-americano.
Por isso, a Justiça dos EUA pede indemnizações "que podem chegar a milhares de milhões de dólares", acrescenta a nota.
"Por ser uma das maiores redes farmacêuticas e um dos maiores distribuidores de medicamentos do país, o Walmart tinha a responsabilidade e os meios para ajudar a prevenir o desvio de opioides", explicitou o procurador Jeffrey Bossert Clark através de nota divulgada aos órgãos de comunicação social norte-americanos.
"Em vez disso, e durante anos", prossegue Bossert Clark, a multinacional de retalho "fez o oposto: aceitou milhares de prescrições inválidas nas suas farmácias e deixou de relatar prescrições suspeitas de [conterem] opioides".
Por essa razão, o "comportamento ilegal" do Walmart "contribuiu para a epidemia do abuso de opioides" nos Estados Unidos, sustenta o procurador.
A Justiça norte-americana construiu este processo baseando-se em declarações de vários funcionários do grupo, que relataram uma "enorme pressão para processar os pedidos" destes fármacos ilegais.
A acusação explicita que os funcionários tinham de "estimular as vendas" a todo o custo, de modo a fidelizar também os clientes.
O Walmart rejeitou as acusações, considerando que o processo movido pelo Departamento da Justiça foi "marcado por violações éticas históricas" e que "inventa uma teoria jurídica que força ilegalmente os farmacêuticos a colocarem-se entre os pacientes e os médicos".
Este processo também está, de acordo com a empresa, "cheio de erros factuais" e "seleciona documentos retirando-os do contexto".
A crise de opioides nos Estados Unidos da América matou cerca de 450 mil pessoas entre 1999 e 2018, segundo o último balanço feito pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla inglesa).
O consumo destas substâncias 'explodiu' em 2013 e quatro anos mais tarde o agora Presidente cessante, o republicano Donald Trump, declarou uma situação de "emergência de saúde pública" no país.
Entre os efeitos mais severos desta crise está a quebra na expectativa média de vida nos Estados Unidos entre 2014 e 2017.
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