RCA: ONU preocupada com violência que coloca "sérios riscos" para civis

A agência das Nações Unidas para os direitos humanos disse hoje estar "profundamente" alarmada pela violência na República Centro-Africana (RCA), que "coloca sérios riscos à segurança dos civis e ao exercício do direito de voto" nas eleições de domingo.

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Lusa
23/12/2020 15:53 ‧ 23/12/2020 por Lusa

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"Estamos profundamente alarmados com as notícias de uma escalada de violência alimentada por queixas políticas e discursos de ódio, levando à deslocação forçada de civis -- incluindo para países vizinhos", afirmou a porta-voz do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR), Liz Throssell, numa declaração citada pela agência France-Presse (AFP).

A porta-voz indicou que o OHCHR se junta ao "secretário-geral da ONU, António Guterres, no apelo para que todas as partes da RCA ponham fim à violência".

Liz Throssell assinalou que "todas as partes, incluindo as forças de segurança e grupos armados, bem como as forças internacionais e estrangeiras" têm a "obrigação e respeitar o direito internacional humanitário e dos direitos humanos", acrescentando que "a proteção de civis é prioritária".

Os países vizinhos da RCA, a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) têm, para o OHCHR, um papel crucial a desempenhar para assegurar uma resolução pacífica da crise no país e proteger a população civil.

A República Centro-Africana foi devastada pela guerra civil depois de uma coligação de grupos armados dominados por muçulmanos, a Séléka, ter derrubado o regime do Presidente François Bozizé em 2013.

Os confrontos entre a Séléka e milícias cristãs e animistas anti-Balaka provocaram milhares de mortes.

Os líderes dos três principais grupos armados, que ocupam grande parte do território da RCA e conduzem uma ofensiva no norte e oeste do país, anunciaram na sexta-feira à criação de uma coligação e ameaçaram atacar se detetarem a existência de fraudes nas eleições de domingo.

A recém-criada coligação reúne agora grupos das milícias Séléka e anti-Balaka contra o regime do Presidente Faustin Archange Touadera.

Durante o dia de hoje, a ONU afirmou que Bambari, a quarta maior cidade da RCA, está "sob o controlo" das forças de manutenção da paz e de segurança interna, depois de ter sido tomada pelos rebeldes na terça-feira.

Desde 2018, a guerra na RCA evoluiu para um conflito de baixa intensidade no qual grupos armados competem pelo controlo dos recursos do país, principalmente gado e minerais, e cometem regularmente abusos contra a população civil.

As eleições gerais de 27 de dezembro na República Centro-Africana vão ser disputadas por 17 candidatos à presidência, incluindo o atual chefe de Estado, Faustin Archange Touadéra, numa votação que vai também decidir a composição do parlamento.

Faustin Archange Touadéra procura um segundo mandato, sendo apontado como o favorito à vitória.

Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a missão da ONU no país (Minusca) e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.

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