"Desde domingo, há uma avalanche de viaturas que pretendem atravessar para a África do Sul. A maior parte dos viajantes optou por fazer o teste na fronteira e o processo lá está muito lento, o que causa aquela fila enorme de carros", disse hoje à Lusa o porta-voz do Serviço Nacional de Migração (Senami) de Moçambique, Celestino Matsinhe.
"A questão central é o teste da covid-19. Este é mais barato, quando é feito na fronteira [do lado sul-africano], cerca de 170 rands (nove euros), e é isto que cria problemas, toda a gente quer fazer o teste no posto de fronteira", afirmou.
De acordo com a fonte, a África do Sul impôs um recolher obrigatório face à covid-19 que implica o encerramento da fronteira às 21:00, sendo reaberta às 06:00, o que as autoridades consideram também um obstáculo na fronteira mais movimentada de Moçambique.
"Houve uma altura em que mesmo as entradas para Moçambique estavam a ser difíceis porque os automobilistas [da fila de espera] bloqueavam toda a via, tentando resolver a situação", explicou Celestino Matsinhe, acrescentando que "é a primeira vez que algo de género acontece nos últimos anos, é uma novidade ter gente a passar noites na fronteira".
Para fazer face ao problema, o Ministério da Saúde moçambicano montou brigadas de testagem em Ressano Garcia, mas, segundo as autoridades, a África do Sul tem rejeitado os testes rápidos feitos do lado moçambicano, sem que haja, até aqui, alguma justificação.
"A dado momento não estavam a aceitar os testes feitos em Moçambique. Eles impunham que se fizesse um novo teste, caso não fizessem, os viajantes tinham de voltar", referiu o porta-voz.
O Governo moçambicano garante que está em conversações com a África do Sul visando resolver a situação, tendo o ministro da Saúde avançado que a resolução do assunto da recusa dos testes rápidos pela África do Sul ficou na responsabilidade do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Dentro de pouco tempo [o ministério] vai articular com as autoridades sul africanas competentes para permitir que esta recusa seja rapidamente resolvida", afirmou Armindo Tiago.
Segundo o Senami, entre 14 de dezembro e 05 de janeiro deste ano, 133.715 pessoas atravessaram no posto fronteiriço de Ressano Garcia.
Moçambique conta com um total de 56 fronteiras, das quais apenas 33 estão abertas e as restantes foram encerradas no quadro das medidas de prevenção contra o novo coronavírus.
O país tem um total de 19.667 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus, 87% dos quais são dados como recuperados, havendo ainda 172 mortos, segundo a última atualização.