"É importante entender uma coisa: a pirâmide etária da Guiné-Bissau. Muitas vezes as pessoas não entendem o porquê do número crescente de pedidos de vistos para estudantes, mas tem muito a ver com o facto de a grande maioria da população guineense, cerca de 60%, ser jovem", afirmou a ministra.
Segundo a ministra, é precisamente a faixa etária entre os 18 e 25 anos que quer vir para Portugal fazer a formação superior, porque na Guiné-Bissau não existe oferta suficiente para cobrir a procura, e escolhem o território português por causa da língua e das relações de proximidade.
"Tivemos uma procura imensa. Este ano temos mais de cinco mil pedidos de visto para estudante e é muito difícil, realmente, dar resposta a todos esses pedidos", salientou em entrevista à Lusa, em Lisboa.
A ministra salientou também que é Portugal que atribuiu os vistos, mas também tem de respeitar as "normas migratórias".
"Nós não podemos impor, o que estamos a negociar com Portugal é a forma de conseguir aumentar esses 'numerus clausus', mas esses números também não correspondem só à Guiné-Bissau também pertencem aos outros países", explicou a ministra, salientando que, no total, há um pouco mais de cinco mil vagas e só a Guiné-Bissau tem cinco mil pedidos.
"Mas, o que nós estamos a fazer é trabalhar no sentido de procurar outras soluções e se necessário criar inclusive na Guiné-Bissau escolas politécnicos para que se façam formação e estes jovens não tenham que sair. Mas, entretanto, estamos a trabalhar no sentido de aumentar os vistos e a verdade é que temos bons resultados", salientou.
Questionada sobre as comunidades guineenses no estrangeiro, que muitas vezes se queixam de falta de assistência, a ministra disse que prometeu, está a cumprir e que o Estado vai "estar mais presente".
"Nós queremos acompanhar a nossa diáspora porque a diáspora quando está fora uma das grandes dificuldades que tem muitas vezes é aceder à documentação", disse, sublinhando que o Governo quer que os guineenses se sintam protegidos e que tenham uma representação do seu país.
Suzi Barbosa lembrou que a Guiné-Bissau não é um Estado rico e que não consegue estar presente em todos os países, mas que está a alargar a rede consular para tentar estar presente em todos os países que tenham comunidades de guineenses.
"Isso vai mostrar que o Estado está realmente preocupado com a diáspora, que quer estar presente e quer acompanhar para que facilitem a sua integração", disse.
Durante a sua estada em Lisboa, Suzi Barbosa assinou com Portugal o Programa Estratégico de Cooperação 2021-2025 com um envelope financeiro indicativo de 60 milhões de euros, sujeito a revisões anuais.
Sobre o PEC, a ministra disse que as áreas fundamentais continuam a ser educação e saúde, formação na área da defesa e segurança e que está prevista a abertura de uma escola pública portuguesa, pela primeira vez, em Bissau.
"Neste momento, nós somos o único país dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), que não tem uma escola portuguesa pública", disse.
Suzi Barbosa afirmou também que está prevista uma cooperação no âmbito da Polícia Judiciária a pedido do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.