Turquia acredita que conflito com Grécia se resolverá através do diálogo
A Turquia afirmou hoje, após uma reunião com as autoridades gregas, acreditar que se vai conseguir resolver o conflito com a Grécia através do diálogo na questão da exploração de hidrocarbonetos nas águas do Mediterrâneo reclamadas pelos dois países.
© Turkish Foreign Ministry/Handout/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Turquia
"Hoje começaram em Istambul os contactos exploratórios, após quatro anos e meio [em 2016]", escreveu o porta-voz da Presidência turca, Ibrahim Kalin, na sua conta da rede social Twitter
"Sob a forte liderança do nosso Presidente [Recep Erdogan, todos os problemas se podem resolver, incluindo o do mar Egeu, e temos toda a vontade em o fazer. A paz e a estabilidade na região beneficiam todos", sublinhou o porta-voz turco.
Kalin participou na reunião acompanhando o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Sedat Unal, enquanto do lado grego estiveram presentes o ex-chefe dos serviços secretos de Atenas, Pavlos Apostolidis, e dois outros altos funcionários.
Segundo a agência noticiosa turca Anadolu, na reunião falou-se na procura de um acordo que delimite as águas territoriais, o estatuto desmilitarizado das ilhas gregas próximas da Turquia e a plataforma continental da Anatólia, que Ancara usa para calcular uma zona económica exclusiva no Mediterrâneo Oriental.
Na semana passada, a Grécia anunciou que tinha duplicado as suas águas territoriais até às 12 milhas náuticas (22,2 quilómetros) no mar Jónico, após negociar com a Itália tendo em conta o Direito Internacional, gesto que alguns políticos interpretaram como um aviso à Turquia.
Quinta-feira passada, Ancara avisou que a postura grega idêntica no mar Egeu equivale a uma "declaração de guerra", embora tenha sublinhado que a decisão relacionada com o mar Jónico nada tem a ver com a Turquia.
A reunião de hoje, sobre a qual não foram dados mais pormenores, é a 61.ª de uma larga série de contactos entre os dois países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), prevendo-se que a próxima decorra em Atenas.
A proliferação de missões turcas de exploração de gás em águas gregas nos últimos meses mergulhou Ancara e Atenas na maior crise diplomática desde 1996, quando os dois países estiveram próximos da guerra.
As conversações que agora recomeçam fazem parte de uma estratégia de Erdogan, que quer acalmar as tensas relações com a União Europeia (UE), depois de Bruxelas ter começado, no mês passado, a sancionar Ancara.
No entanto, e apesar de Atenas ter expressado, nos últimos dias, o seu "otimismo e esperança" e Ancara ter saudado a "atmosfera positiva", nenhum grande progresso é esperado no âmbito destas negociações.
Os dois países não conseguiram sequer chegar a um acordo sobre a lista de assuntos a serem discutidos, um sinal de que as discussões na orla do Bósforo correm o risco de se transformar num diálogo de surdos.
Em dezembro, os líderes da UE, numa cimeira em Bruxelas, decidiram punir as ações "ilegais e agressivas" da Turquia no Mediterrâneo contra a Grécia e o Chipre.
A cimeira da UE adotou sanções individuais que deveriam ter como alvo os responsáveis turcos implicados nas atividades de exploração no Mediterrâneo oriental.
A crise entre Atenas e Ancara intensificou-se com a implantação, em agosto, pela Turquia, do navio de pesquisa sísmica "Oruç Reis" em áreas disputadas pelos dois países, nomeadamente perto da ilha grega de Kastellorizo.
A Grécia, que assinou hoje a compra a França de 18 caças Rafale para fortalecer a sua defesa face ao aumento das tensões com a Turquia, acusou Ancara de violar as suas fronteiras marítimas.
A Turquia, por seu lado, acredita que a existência deste ilhéu não pode justificar a sua exclusão de grande parte do Mediterrâneo Oriental, rico em campos de gás.
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