Participou em ensaio de vacina para retribuir "sorte" em ano de "dor"
Bibliotecária britânica sentiu o dever de retribuir de alguma forma "a sorte" que tem tido durante a pandemia de Covid-19.
© Reuters
Mundo Pandemia
Se para muitos o último ano foi de desafios e stress, para outros foi um ano que não causou grandes danos, à exceção das limitações que provocou a nível de reuniões com familiares e amigos.
Caroline Ball, uma bibliotecária de 37 anos, que reside nos arredores de Derby, admitiu sentir-se culpada por ter a sorte de ter um emprego estável, que consegue fazer de casa, não tendo a preocupação de não poder trabalhar para ficar a tomar conta dos filhos, uma vez que as aulas presenciais foram suspensas no Reino Unido.
Em declarações ao The Guardian, admitiu que a forma que encontrou de retribuir um pouco a sua sorte à comunidade, foi participar no ensaio clínico da vacina Novavax. "Estive bastante isolada do stress e da dor pela qual muitas pessoas estão a passar. Reconheço que tenho tido muita sorte", disse.
A vacina, produzida pela Johnson & Johnson, mostrou uma eficácia de quase 90% nos ensaios no Reino Unido. Os dados indicam ainda que é eficaz contra as novas variantes detetadas em solo britânico e na África do Sul.
Com 60 milhões de doses já reservadas pelo Reino Unido, há esperanças de que esta vacina possa acelerar o programa de imunização do país, se for concedida a autorização do uso de emergência pelo regulador.
"Ter uma variedade de vacinas disponíveis vai beneficiar todos", disse Ball, afirmando, contudo, que a sua participação no ensaio, que decorreu em Birmingham, não se trata de um "ato egoísta".
Desde novembro, altura em que começou a participação no ensaio clínico, fez três visitas à clínica, revelou, acrescentando que experienciou alguns efeitos secundários, algo que é habitual quando o corpo ativa uma resposta imunológica.
"Tive um pouco de dores de cabeça após receber a segunda dose, estava cansada e com algumas dores de estômago", mas isto poderia ter acontecido num dia mais cansativo, disse, acrescentando não saber se foi uma das pessoas que recebeu a vacina ou o placebo.
Ao contrário de muitas pessoas, Caroline Ball diz não ter dúvidas quanto à segurança da vacina. "Confio nos cientistas e tenho muita fé na investigação. Quando chega à fase três, eles estão já bastante seguros, caso contrário não passaria a fase 1 e 2", sublinhou.
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