"Condenamos firmemente a violência contra os manifestantes. Todas as pessoas na Birmânia têm o direito de se concentrarem pacificamente", declarou aos jornalistas o porta-voz do Departamento de estado norte-americano, Ned Price.
Segunda-feira, Ned Price indicou que Washington tentou falar com a principal líder civil de Myanmar, Aung San Suu Kyi, depois do golpe que a derrubou, mas os pedidos foram rejeitados.
"Tentámos estabelecer contacto com Aung San Suu Kyi. Fizemo-lo de forma informal e formal", disse Price, acrescentando que os pedidos "foram negados".
O porta-voz também referiu que Washington condenou a proibição de manifestações em Myanmar, onde a lei marcial foi declarada em várias cidades.
"Estamos ao lado do povo birmanês e apoiamos o seu direito à reunião pacífica, incluindo manifestações pacíficas de apoio ao governo democraticamente eleito", disse Ned Price.
Por outro lado, o exército birmanês atacou também hoje a sede do partido liderado por Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (NLD, na sigla em inglês) em Rangum, independentemente do apelo das Nações Unidas para acabar com a repressão aos manifestantes que pedem o regresso à normalidade institucional.
Num curto comunicado no Facebook, a NLD escreve que os militares investiram contra a sede do partido e destruíram o edifício por volta das 21:30 locais (15:00 em Lisboa).
A operação ocorreu numa altura em que decorrem protestos pelo quarto dia consecutivo, apesar dos avisos da junta militar.
Os protestos em várias cidades foram reprimidos com canhões de água e balas de borracha.
Hoje também, a ONU condenou o uso "desproporcionado" da força contra os manifestantes que contestam o recente golpe militar em Myanmar, denunciando a existência de "feridos graves", após a utilização de balas de borracha e de gás lacrimogéneo pela polícia.
"O uso de força desproporcionada contra manifestantes é inaceitável", afirmou o coordenador residente da Organização das Nações Unidas (ONU) em Myanmar, Ola Almgren, num comunicado.
"Muitos manifestantes ficaram feridos, alguns com gravidade", acrescentou o representante, após a recolha de vários testemunhos em várias cidades do território birmanês.
A 01 deste mês, o exército prendeu a chefe do governo civil birmanês, Aung San Suu Kyi, o Presidente Win Myint e vários ministros e dirigentes do partido governamental, proclamando o estado de emergência e colocando no poder um grupo de generais.
ONU, União Europeia (UE), Estados Unidos, Japão, China, França e Reino Unido foram algumas das vozes internacionais que criticaram de imediato o golpe de Estado promovido pelos militares em Myanmar.
Nos dias seguintes, ocorreram sucessivos protestos em várias cidades de Myanmar e a tensão nas ruas tem vindo a aumentar.
As forças policiais têm recorrido frequentemente a canhões de água para dispersar manifestantes.
Em Mandalay (centro), a segunda maior cidade do país, a polícia lançou gás lacrimogéneo contra manifestantes que agitavam bandeiras do partido de Suu Kyi.
Na segunda-feira, a Junta Militar decretou a lei marcial, após os sucessivos protestos e uma greve geral em curso, que está a paralisar o país, impôs paralelamente o recolher obrigatório e proibiu reuniões com mais de cinco pessoas, bem como discursos públicos.
A medida, que afeta vários distritos de Rangum, a maior cidade e o centro económico do país, entrou também em vigor nas regiões de Mandalay, Monywa, Loikaw, Hpsaung e Myaungmya.
O Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas tem agendada para sexta-feira uma sessão especial para abordar a situação em Myanmar, a pedido do Reino Unido e da UE, e com o apoio de pelo menos 47 países.
Por sua vez, o Conselho de Segurança da ONU apelou à libertação imediata dos representantes detidos pelos militares.