Japão. Partido no poder vai permitir mulheres em reuniões... mas caladas

Menos de duas semanas depois de uma demissão no comité organizador dos Jogos Olímpicos por declarações sexistas, o Partido Liberal Democrático toma uma atitude no sentido de equilibrar o papel das mulheres dentro do partido... desde que se mantenham caladas.

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© Akio Kon/Bloomberg via Getty Images

Anabela Sousa Dantas
17/02/2021 17:17 ‧ 17/02/2021 por Anabela Sousa Dantas

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O Partido Liberal Democrático, partido no poder no Japão, apresentou uma proposta para permitir que cinco parlamentares do sexo feminino participar nas reuniões da cúpula do partido, apenas assistidas por homens, mas com uma condição: não podem intervir.

O secretário-geral, Toshihiro Nikai, de 82 anos de idade, disse esta terça-feira numa conferência de imprensa que a ideia é trazer uma perspetiva feminina às reuniões, onde só participam homens.

O líder conservador disse que estava ciente das críticas em relação à falta de mulheres nos principais cargos e sublinhou que era importante que membros do partido do sexo feminino "vejam" o processo de tomada de decisão, segundo citou a Reuters. "É importante que entendam na totalidade o tipo de discussões que estão a acontecer. Ver o que se passa, é disso que se trata", disse.

Os meios japoneses reportam que cinco mulheres poderão participar nas reuniões, mas apenas na capacidade de observadoras, não sendo permitido que intervenham. Depois das reuniões, podem submeter as suas ideias e opiniões à secretaria.

Recorde-se que esta decisões surge no seguimento da polémica criada comité organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, no início de fevereiro. Yoshiro Mori, de 83 anos de idade, demitiu-se do cargo uma semana depois de ter afirmado que "as mulheres falam demasiado" e que, por isso, "em conselhos com muitas mulheres, as reuniões levam muito tempo", sendo necessário "assegurar que o tempo de antena delas é restringido de alguma forma".

O antigo primeiro-ministro japonês notou que "o comité organizador [dos Jogos Olímpicos Tóquio2020] tem sete mulheres, mas elas sabem colocar-se no seu lugar", um comentário que motivou sorrisos entre vários responsáveis presentes na reunião e espoletou críticas e pedidos de demissão, que acabou por acontecer.

Esta discussão encontrou eco em Portugal, depois de Miguel Sousa Tavares ter defendido, no âmbito do seu espaço de comentário semanal às segundas-feiras, na TVI, que as afirmações de Yoshiro Mori não eram motivo para ser demitido. "Mori limitou-se a dizer uma coisa que muita gente diz, que as mulheres falam de mais. Foi um desabafo. Não foi uma declaração pública, entrevista, nada, foi um desabafo. E foi saneado aos 83 anos, coitado do senhor. Isto está a chegar a um extremo tal...", indicou o jornalista, atribuindo a polémica a alguma espécie de patrulhamento de linguagem.

Leia Também: Tóquio2020: Presidente do comité demite-se após comentários sexistas

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