Chefe da NATO rejeita retirada prematura das tropas de treino de afegãos

O Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou hoje que a aliança militar só deixará o Afeganistão quando as condições de segurança o permitirem, ao aproximar-se o prazo estabelecido num acordo de paz com os Talibã para retirada das tropas.

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Lusa
17/02/2021 22:29 ‧ 17/02/2021 por Lusa

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A NATO tem pouco menos de 10.000 militares no país, devastado pela guerra, que ajudam a treinar e a aconselhar as forças de segurança afegãs, e apesar de a maioria não ser norte-americana, os aliados não poderiam prosseguir a operação da NATO se os transportes, a logística e outros apoios americanos fossem retirados.

O Presidente Joe Biden está a rever o acordo de 2020 do seu antecessor com os Talibã, que inclui a data limite de 1 de Maio para a retirada final das tropas americanas.

Em Washington têm surgido apelos para que os EUA adiem a saída final ou renegociem o acordo para permitir a presença de uma força americana mais pequena.

A violência está a aumentar e entre os responsáveis incluem-se os Talibã, o grupo do Estado islâmico, senhores da guerra e bandos criminosos.

"A nossa presença no Afeganistão é baseada em condições, e os Talibã têm de cumprir os seus compromissos", disse Stoltenberg aos jornalistas depois de presidir a uma reunião dos ministros da defesa da NATO, em que participou o novo Secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin.

"A questão principal é que os Talibã têm de reduzir a violência, têm de negociar de boa fé e têm de deixar de apoiar grupos terroristas internacionais como a Al Qaeda", disse Stoltenberg.

"Só partiremos quando chegar a altura certa e o foco agora é perceber como podemos apoiar as conversações de paz", disse o responsável, referindo-se às negociações lentas entre os Talibã e o governo de Cabul, que começaram no ano passado no Qatar.

Nenhum dos 30 governos membros da NATO argumentou publicamente que as condições de segurança são adequadas para uma retirada, e vários aliados apoiariam provavelmente uma estadia mais longa se os Estados Unidos o solicitarem.

Os ministros da defesa deverão discutir o Afeganistão de forma mais alargada na quinta-feira, mas com a revisão dos EUA em curso é pouco provável que seja tomada qualquer decisão firme sobre o futuro da operação da NATO, o que poderá acontecer na próxima reunião dos ministros dos negócios estrangeiros, em meados de março.

A NATO assumiu o controlo das operações de segurança internacional no Afeganistão em 2003, dois anos após uma coligação liderada pelos EUA ter expulsado os Talibã por abrigar o antigo líder da Al Qaeda, Osama bin Laden. É a operação mais longa, mais cara e mais ambiciosa de sempre da aliança militar.

Na mesma conferência de imprensa, que sucedeu a cimeira virtual com os ministros de Defesa da Aliança, Jens Stoltenberg afirmou que a Aliança tem de manter a sua "vantagem tecnológica" através do investimento em novas tecnologias disruptivas, porque estas irão mudar "fundamentalmente a natureza da guerra".

De maneira a preservar a dianteira tecnológica, Stoltenberg salientou a necessidade de desenvolver novas capacidades militares, assentes em novas tecnologias, que preservem a interoperabilidade dos sistemas entre os Aliados.

Stoltenberg mostrou-se ainda satisfeito com o aumento do investimento de todos os Aliados na área da defesa desde 2014, referindo que 2021 é o "sétimo ano consecutivo de aumento das despesas em defesa da parte dos Aliados europeus e do Canadá", o que se traduz num aumento de 190 mil milhões das verbas derivadas desses parceiros.

Abordando ainda o tema das contribuições dos Aliados, Stoltenberg reiterou a ideia que já tinha apresentado segunda-feira, segundo a qual os Estados-membros da NATO devem contribuir mais para as atividades de dissuasão e de defesa da Aliança.

Leia Também: Stoltenberg sublinha necessidade de manter "vantagem tecnológica" da NATO

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