Produtor mundial de vacinas pede paciência a países que aguardam entregas
O Serum Institute of India (STI), o maior fabricante mundial de vacinas, pediu aos países que aguardam vacinas contra a covid-19 que sejam "pacientes", depois de receber ordens para dar prioridade "às enormes necessidades" da Índia.
© Dhiraj Singh/Bloomberg via Getty Images
Mundo Covid-19
O STI "foi orientado para dar prioridade às enormes necessidades da Índia e juntamente com esse equilíbrio às necessidades do resto do mundo", escreveu o responsável do fabricante indiano de vacinas, Adar Poonawalla, no domingo, na rede social Twitter. O responsável não esclareceu de onde veio a ordem ou se estas instruções são novas.
Responsável pela produção de 60% das vacinas mundiais antes da pandemia, o STI está a produzir centenas de milhões de doses da vacina anglo-sueca AstraZeneca, conhecida localmente como Covishield, nas suas instalações em Pune, no oeste da Índia, e já enviou milhões para o estrangeiro, incluindo para o Brasil.
O fabricante indiano, que tem recebido pedidos de vários países, incluindo do Canadá, prevê ainda fornecer 200 milhões de doses no âmbito da plataforma Covax, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para garantir o acesso às vacinas dos países mais pobres.
A Índia começou uma gigantesca campanha de vacinação em 16 de janeiro, tendo até agora vacinado cerca de 11 milhões de pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde indiano.
O Governo indiano tinha estabelecido como objetivo vacinar cerca de 300 milhões de pessoas até julho, num país com 1,3 mil milhões de habitantes, mas a campanha sofreu grandes atrasos, não por falta de vacinas, mas devido à falta de candidatos.
Segundo o jornal Hindustan Times, só 4% dos cerca de 191 mil trabalhadores do setor da saúde receberam a segunda dose da vacina um mês depois da primeira, o prazo recomendado para a segunda inoculação pelo fabricante, embora seja possível prolongá-lo até seis semanas.
A desconfiança em relação às vacinas e a enorme diminuição do número de casos no país poderão explicar o desinteresse da população, segundo especialistas ouvidos pela revista Time.
O país reduziu drasticamente a progressão da doença nos últimos meses, depois de atingir o valor mais alto de infeções em meados de setembro de 2020, com 97.894 contágios num só dia.
No último balanço diário, a Índia registou apenas 14.199 casos, além de 83 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde indiano, tendo registado em média 13 mil casos diários na última semana.
Apesar disso, nas últimas duas semanas o número de casos aumentou em Maharashtra, o estado indiano mais atingido pela pandemia, que viu o número de infeções diárias duplicar, rondando agora uma média de mais de cinco mil infeções.
No último dia, aquele estado indiano registou quase sete mil novas infeções, praticamente metade do total do país.
Ainda assim, menos de 36% das pessoas inscritas para serem vacinadas em 11 de fevereiro na capital daquele estado, Nagpur, se apresentaram nos centros de saúde, de acordo com o diário Times of India.
Desde o início da pandemia, a Índia contabilizou mais de 11 milhões de casos do novo coronavírus, mantendo-se como o segundo com mais infeções, atrás dos Estados Unidos, que no último balanço contavam com mais de 28,1 milhões.
Com um total de 156.385 mortes, a Índia é o quarto país do mundo com mais óbitos, a seguir aos Estados Unidos, ao Brasil e ao México, de acordo com a contagem independente da Universidade norte-americana Johns Hopkins. O país tem atualmente 150.055 casos ativos da doença.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.461.254 mortos no mundo, resultantes de mais de 111 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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