Governo dos EUA não está a fazer face ao aumento da pobreza, sublinha HRW
O governo dos Estados Unidos fez poucos progressos para conter o aumento da pobreza e da desigualdade durante a pandemia de Covid-19, declarou hoje o observatório de direitos humanos Human Rights Watch (HRW).
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Para esta conclusão, a HRW usou dados como o desemprego de 74 milhões de pessoas e a fraca alimentação ou inexistência de algumas refeições em 16,5 milhões de agregados familiares que não recebem benefícios ou subsídios.
"Em janeiro, cerca de 24 milhões de adultos relataram passar fome e mais de seis milhões disseram ter medo de ser despejados ou perder propriedades para a hipoteca nos próximos dois meses devido à incapacidade de pagar pela residência", lê-se num comunicado divulgado hoje pela HRW.
Uma investigadora da HRW, Lena Simet, comentou que "programas anteriores do Governo e projetos de estímulo à economia proporcionaram um alívio crucial, mas temporário".
"A insegurança alimentar e habitacional está a aumentar e milhões de pessoas estão a passar fome ou prestes a perder as suas casas num dos países mais ricos do mundo. É uma clara denúncia de uma rede de segurança fracassada e da necessidade urgente de abordar os direitos das pessoas à alimentação e à habitação", disse a especialista em pobreza e desigualdade.
Segundo a organização, só nos EUA são "milhões as pessoas que sofrem com os impactos económicos e sociais combinados da pandemia" e os sistemas de apoio económico ou de saúde são "muitas vezes, insuficientes".
Pelo contrário, os mais ricos sofreram menos e até registaram ganhos: "apesar da pior contração económica desde a Grande Depressão, a riqueza coletiva dos 651 bilionários dos EUA aumentou em mais de mil milhões de dólares desde o início da pandemia" (830,5 milhões de euros).
Segundo dados analisados pelos HRW do recenseamento dos EUA de agregados familiares, nota-se um "impacto devastador e desproporcional sobre os direitos das pessoas que recebem pouco e que já estavam em dificuldades".
O observatório indica que o plano de estímulo financeiro proposto pelo novo Presidente, Joe Biden, num total de 1.900 milhões de dólares (1.580 milhões de euros) "fornece investimentos importantes para mitigar as crescentes dificuldades económicas".
O plano tem de ser votado pelo Senado, depois de ter sido aprovado na Câmara dos Representantes no último sábado.
"Milhões de pessoas nos EUA caem na pobreza e na fome, que podem ser evitadas. As medidas apresentadas na proposta de ajuda do Presidente Biden são urgentemente necessárias e o governo não deve poupar, quando tantas vidas e meios de subsistência estão em risco", acrescentou Lena Simet.
A organização pede que a recuperação seja baseada no respeito pelos direitos humanos, que garanta "um padrão de vida adequado para todos nos Estados Unidos e aborde disparidades raciais, de género e outras".
Lena Simet considerou que "se o Governo dos Estados Unidos deseja abordar a insegurança económica e a desigualdade que a pandemia expôs e exacerbou, tem de dar prioridade aos direitos económicos e sociais para todos".
"Isso significa construir um sistema de proteção social forte e universal e investir em serviços públicos, principalmente educação, saúde, habitação e um padrão de vida adequado", concluiu Simet.
Segundo os dados analisados pela HRW, um terço dos adultos nos EUA usaram dinheiro dos cheques de estímulo à economia ou de desemprego anteriores para pagar as suas despesas básicas de vida.
Quase metade dos agregados familiares com rendimentos inferiores a 35 mil dólares por ano (29 mil euros) admitem estar em atraso no pagamento de alugueres e um quarto dizem ter dificuldades de pôr comida na mesa.
"No final de janeiro, os dados indicavam, mais de 24 milhões de adultos não tinham comido o suficiente às vezes ou com frequência nos sete dias anteriores", escreve a HRW, explicando que se trata de cinco milhões de pessoas mais do que em agosto de 2020.
Metade das famílias que passam insegurança alimentar incluem crianças, alerta a HRW, "trazendo sérias preocupações sobre as consequências de longo prazo para a saúde das crianças e para os seus resultados académicos".
Os agregados familiares que têm menores rendimentos são também os que estão em risco de passar por vários fatores de stress, como insegurança alimentar, fracas condições de habitação e depressão.
"Esses fatores de stress agravados podem levar famílias e indivíduos ainda mais para a pobreza e representam maior risco para os direitos das pessoas", comenta o relatório hoje divulgado pela HRW.
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