"Os burocratas de Bruxelas falharam, pois assinaram contratos cujos detalhes não podem ser publicados sem o consentimento da outra parte", disse Orbán, numa entrevista à rádio pública Kossuth.
O primeiro-ministro húngaro voltou a responsabilizar a comissão pelos atrasos na entrega de vacinas aprovadas para a União Europeia (UE) e salientou que os responsáveis "devem provar, com contratos, que negociaram bem e assinaram contratos que servem os interesses do povo europeu".
Segundo Orbán, os problemas com o fornecimento de vacinas justificam que a Hungria tenha recorrido à compra do fármaco da chinesa Sinopharm e da russa Sputnik, sem esperar pela sua autorização por parte da UE.
O governante húngaro sublinhou que o seu governo procedeu à publicação, na semana passada, dos contratos que negociou para a compra da vacina.
"Conseguimos fazê-lo, uma vez que os contratos não contêm qualquer parágrafo em que os produtores proíbam a publicação", disse, defendendo a compra do fármaco chinês, apesar do preço elevado.
De acordo com o contrato divulgado, a Hungria, que encomendou cinco milhões de doses, paga 30 euros por cada vacina da Sinopharm, um preço muito superior ao que, de acordo com a imprensa, foi acordado pela UE com os laboratórios americano e alemão da Prizer/BioNTech, a 15,5 euros a dose, e com a anglo-sueca AstraZeneca, a 2,15 euros a unidade.
Pela vacina Sputnik V, a Hungria concordou pagar 9,95 euros por cada dose.
"Se nos tivessem pedido mais, teríamos pago", porque é uma questão de "vida das pessoas", argumentou Orbán.
Na Hungria, 1.319.000 pessoas, o equivalente a 13,6% da população de 9,7 milhões, receberam até agora pelo menos a primeira dose de uma das cinco vacinas, o que torna o país um dos mais adiantados da Europa no processo de vacinação.
Orbán disse ainda estar em curso um projeto para produzir uma vacina no território magiar, mas sem revelar o tipo de fármaco ou qual a empresa que o produzirá.
Existem atualmente 8.764 pacientes com covid-19 hospitalizados na Hungria, dos quais 1.005 estão ligados a ventiladores, de acordo com os dados oficiais hoje divulgados.
Orbán advertiu que, devido à rapidez com que o vírus se dissemina, espera-se que a próxima semana seja a "mais difícil" para o país.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.649.334 mortos no mundo, resultantes de mais de 119,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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