Na segunda-feira, o Conselho de Estado italiano, a mais alta instância da justiça administrativa no país, confirmou a decisão do Ministério da Cultura de Itália, que cancelou a autorização dada anteriormente ao Instituto Dignitatis Humanae (Instituto da Dignidade Humana), indicaram hoje a agência noticiosa ANSA e a televisão estatal RAI.
A medida anulou, assim, uma decisão anterior de um tribunal administrativo regional que não se opusera à criação do 'think tank', que deveria instalar-se num mosteiro no topo de uma colina na província de Frosinone, a sul de Roma.
Estimulados pela vitória de Donald Trump nas presidenciais norte-americanas de 2016 e pela ascensão do sentimento nacionalista na Europa, Bannon e o instituto lançaram planos para estabelecer uma academia para treinar populistas e nacionalistas no mosteiro Trisulti, erigido no século XIII, uma abadia cercada por uma floresta.
No entanto, os moradores locais opuseram-se e, em última análise, o Ministério da Cultura italiano, tutelado pelo político de centro-esquerda Dario Franceschini, tentou revogar o contrato, alegando uma série de irregularidades que o instituto negou.
Também o líder de centro-esquerda da região do Lázio, Nicola Zingaretti, saudou a decisão do Conselho de Estado.
"Steve Bannon e os seus soberanistas devem deixar o Trisulti", disse Zingaretti na rede social Facebook, prometendo trabalhar com o Ministério da Cultura para "devolver o lugar maravilhoso às pessoas".
O bispo católico local elogiou a decisão, dizendo que o Conselho de Estado fez a coisa certa ao devolver o mosteiro "ao povo de Deus e a toda a comunidade".
Numa declaração divulgada pelo jornal Avvenire, da conferência episcopal italiana, o bispo Lorenzo Loppa disse que a diocese vai agora trabalhar com a comunidade para encontrar uma nova vida para a "joia monástica", sugerindo que poderia ser usada como sede de uma fundação.
Hoje, Bannon considerou que a decisão do tribunal foi uma "piada politicamente motivada".
"É uma piada politicamente motivada, condizente com um país em desenvolvimento, que é corrupto, incompetente e falido", declarou Bannon, alegando ainda que o executivo tem sido "incapaz de cuidar do mosteiro".
Ainda não está claro, segundo refere a agência noticiosa Associated Press (AP) se a decisão das autoridades italianas é passível de recurso.
Benjamin Harnwell, fundador e presidente do instituto, já tinha afirmado que a instituição estava a ser prejudicada pela ligação a Bannon e pelo apoio ao líder de direita italiana, Matteo Salvini, que defende "um bloqueio heroico à migração ilegal para a Itália".
A Dignitatis Humanae, que diz que o seu objetivo é defender as fundações judaico-cristãs da civilização ocidental, contou também com o apoio do cardeal conservador norte-americano Raymond Burke, nomeado presidente honorário do instituto em fevereiro de 2019.
No entanto, Burke renunciou em junho daquele ano, alegando que o instituto estava a "identificar-se com o programa político de Bannon".