Autoridades britânicas, mencionadas pelo jornal Financial Times, revelaram que Boris Johnson ligará para os seus homólogos da UE antes de os líderes do bloco europeu se encontrarem para avaliar a questão.
Espera-se que os líderes europeus decidam, numa cimeira virtual que terá início na próxima quinta-feira, se mantêm a ameaça de restringir as exportações para o Reino Unido da vacina que é produzida nas instalações da fábrica da Halix, na Holanda.
A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, ameaçou na semana passada com a possibilidade de suspender as exportações europeias de vacinas para países produtores, em clara alusão ao Reino Unido, para garantir que a produção europeia se destine primeiro a imunizar os cidadãos da comunidade.
Um funcionário do bloco europeu destacou que a UE "está ciente da campanha ativa do Governo britânico para pressionar alguns Estados-membros", nomeadamente Bélgica, Holanda, França e Alemanha.
O Reino Unido, que quebrou um recorde na sua vacinação neste domingo ao imunizar um total de 844.285 entre a primeira e a segunda doses neste país, teme que uma disputa com os seus vizinhos europeus possa desencadear o protecionismo em torno das vacinas em todo o mundo, enquanto a UE acusa Londres de acumular suprimentos da vacina.
O bloco europeu exportou mais de 10 milhões de doses de várias vacinas para o Reino Unido nos últimos dois meses, mas a UE não recebeu nenhuma em troca.
"Devemos ter o princípio da reciprocidade entre os países e da proporcionalidade apropriada", disse a comissária de Saúde da UE, Stella Kyriakides, ao Financial Times numa entrevista virtual.
Kyriakides destacou que "os líderes falarão sobre este assunto na cimeira e as decisões serão tomadas nesse nível" na quinta-feira.
A ideia da UE de aumentar o controlo sobre as exportações de vacinas divide os Estados-membros da UE, com a Holanda e a Bélgica - produtores de vacinas -, preocupados com o alegado risco de que tal medida altere as cadeias de abastecimento globais.
Uma autoridade holandesa pediu que Londres chegasse a um acordo com a Comissão Europeia e a AstraZeneca a fim de evitar "um cenário em que todos percam".
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2,7 milhões de mortos no mundo, resultantes de mais de 122,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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