O objetivo do novo mapa das espécies não descobertas, publicado em 22 de março, é ajudar os governos e as instituições científicas a perceber onde concentrar os esforços na documentação e preservação da biodiversidade.
O mapa da vida desconhecida foi desenhado a partir da análise de 11 fatores-chave e indica que a probabilidade de descobrir novas espécies "varia muito em todo o mundo", segundo dois dos investigadores envolvidos, o professor de ecologia e biologia evolutiva em Yale, Walter Jetz, e o autor principal do artigo, Mário Moura, antigo académico em Yale e atual professor na Universidade Federal da Paraíba, no Brasil, ambos citados na nota divulgada.
De acordo com a análise dos dois cientistas, em geral, no Brasil, Indonésia, Madagáscar e Colômbia existem as maiores oportunidades para identificar novas espécies, com um quarto do potencial de novas descobertas.
No caso dos anfíbios e répteis é previsível que sejam encontrados em regiões neotropicais e em florestas indo-malaias.
No comunicado é referido que, tendo em conta estimativas conservadoras, "apenas cerca de 10% a 20% das espécies na Terra foram formalmente descritas".
Os dois autores compilaram "dados exaustivos" que incluíam a localização, alcance geográfico, datas históricas de descoberta, e outras características ambientais e biológicas de cerca de 32.000 vertebrados terrestres conhecidos, um estudo que lhes permitiu extrapolar "onde e que tipos de espécies desconhecidas dos quatro principais grupos de vertebrados é mais provável serem ainda identificadas".
Com a união de esforços, juntando cientistas de todo o mundo, os dois autores preveem alargar nos próximos anos o mapa da vida desconhecida a espécies vegetais, marinhas e invertebradas.
"Ao ritmo atual da mudança ambiental global, não há dúvida de que muitas espécies irão extinguir-se antes de alguma vez termos tomado conhecimento da sua existência", acentuou Walter Jetz, citado na nota divulgada por Yale.
Mário Moura observou que as espécies conhecidas são "as unidades de trabalho" em muitas abordagens de conservação, o que significa que as espécies desconhecidas "são normalmente deixadas de fora do planeamento, gestão e tomada de decisões em matéria de conservação".
"Encontrar as peças em falta do 'puzzle' da biodiversidade da Terra é, portanto, crucial para melhorar a conservação da biodiversidade em todo o mundo", defendeu o investigador.
Segundo Mário Moura, a análise publicada "muda o foco de questões como ´quantas espécies não descobertas existem` para outras mais aplicadas, como ´onde e o quê?`", salientou.
O mapa das espécies por descobrir é apresentado menos de uma década após a divulgação do Mapa da Vida, uma base de dados global que sinaliza a distribuição de espécies conhecidas em todo o planeta.
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