A previsão foi hoje difundida pela Universidade Federal Fluminense (UFF), um dia após o Brasil ter registado um trágico recorde de 3.251 mortes devido à covid-19, o maior número num único dia desde o início da pandemia.
O estudo foi ainda divulgado precisamente no dia em que o Brasil ultrapassou as 300 mil mortes desde o início da pandemia e se consolidou como o segundo país mais afetado pela covid-19, superado apenas pelos Estados Unidos.
O responsável pelo estudo, o professor do Departamento de Estatística da UFF, Marcio Watanabe, calculou o número possível de mortes diárias nos próximos meses a partir de um modelo matemático-epidemiológico que teve em consideração a análise dos dados da pandemia de mais de 50 países entre setembro de 2020 e março deste ano, explicou a universidade em comunicado.
"O pico de óbitos no Brasil será provavelmente em abril ou início de maio, com um número calculado entre 3.000 e 5.000 mortes por dia", indicou Watanabe no comunicado.
O especialista esclareceu que a situação dependerá tanto da rapidez da vacinação nas próximas semanas, quanto das medidas de isolamento social que forem impostas pelos governos estaduais e municipais.
Nesse sentido, o ministro da Saúde do Brasil, o cardiologista Marcelo Queiroga, disse hoje que o Governo tentará triplicar o ritmo da campanha de vacinação no país, das 300 mil doses aplicadas por dia atualmente, para um milhão, mas não informou quando essa meta será ser alcançada.
O Brasil vacinou cerca de 13 milhões de pessoas, cerca de 6% da população, mas a campanha avança lentamente devido às dificuldades que o país tem enfrentado para receber os antídotos.
Segundo o estudo "Deteção precoce da sazonalidade e predição de segundas ondas na pandemia da Covid-19", o início da semana do outono austral afetará um recrudescimento da situação no Brasil, já que é nessa época e no inverno que as doenças respiratórias tendem a piorar.
Segundo Watanabe, tendo em conta o que aconteceu entre março e agosto do ano passado, a projeção é de que a pandemia se agrave entre março e maio de 2021 nos países do hemisfério sul, principalmente no Brasil, e em nações que têm condições sazonais semelhantes, como Índia e Bangladesh.
Ao contrário, em países do hemisfério norte, como Estados Unidos e os europeus, os casos tendem a estagnar por um longo prazo, mas com menor tendência de aumento, segundo o especialista.
Pelo modelo matemático, a partir de 2022, mas dependendo da evolução das campanhas de vacinação, a covid-19 seguirá, de forma mais clara, o mesmo comportamento das demais doenças respiratórias, com aumento de casos e óbitos entre março e junho, mas de forma mais controlada, e haverá uma redução nas demais épocas do ano.
"Poderemos conviver com a covid-19 da mesma forma que convivemos com outras doenças respiratórias, como a pneumonia, quando vacinarmos a maior parte da população. Mas, mesmo com a vacina, a doença será endémica, ou seja, sempre haverá casos", frisou.
"Portanto, um desafio fundamental para o futuro é que a ciência encontre algum tratamento que seja significativamente eficaz para pacientes hospitalizados com coronavírus", disse o docente.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.735.411 mortos no mundo, resultantes de mais de 124,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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