Pelo menos dois portugueses estavam em Palma quando grupos armados invadiram a sede de distrito na quarta-feira e refugiaram-se num hotel, juntamente com cerca de 200 pessoas de várias nacionalidades, referiu.
A vila acolhe várias empresas e pessoal devido aos investimentos ali em curso, entre os quais o projeto de gás liderado pela Total o maior investimento privado atualmente em curso em África, da ordem dos 20 mil milhões de euros.
Entretanto, através de transportes por via aérea e por mar, as pessoas têm sido resgatadas para o recinto do projeto de gás, na península de Afungi, sete quilómetros a sul de Palma e onde trabalham, pelo menos, cerca de 30 outros portugueses envolvidos em diversos serviços do projeto.
No recinto de Afungi a situação tem sido sempre segura e a zona não foi atingida pela investida de rebeldes, disse a mesma fonte, salientando que o complexo tem beneficiado inclusivamente de reforço de segurança de forças moçambicanas desde há várias semanas - conforme anunciado pelo Governo e pela petrolífera Total que lidera o projeto.
Apesar das tentativas, a Lusa ainda não conseguiu obter informações por parte da Total.
O recinto de vários hectares é uma espécie de pequena cidade com estaleiros, alojamentos e escritórios em módulos, com capacidade para albergar centenas de pessoas, com o seu próprio aeródromo e cais marítimo.
Algumas áreas, já visitadas pela Lusa em 2020, incluem torres de segurança entre vedações de arame farpado.
Ao lado está situada a nova vila de reassentamento de Quitunda, para onde foram transferidos residentes nas aldeias que estavam dentro da área do projeto.
Esta aldeia, bem como a península de Afungi, estão desde quarta-feira a atrair milhares de residentes de Palma que buscam refúgio seguro dos ataques.
Diferentes fontes disseram à Lusa que hoje de manhã continuavam a ouvir-se disparos na rua central da localidade, via onde estão situados os bancos e os principais estabelecimentos comerciais.
Ao mesmo tempo, as mesmas fontes referiram que diferentes ramos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão a conduzir reforços para a região.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do Ministério da Defesa remeteu para mais tarde eventuais atualizações sobre a situação.
Os serviços de comunicações móveis continuam cortados em Palma e ainda não há informação sobre vítimas ou danos causados pelo ataque, o mais grave junto aos projetos de gás após três anos e meio de insurgência armada.
A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Algumas das incursões foram reivindicadas pelo EI entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.
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