A CNN emitiu este domingo uma série documental de entrevistas a responsáveis da área da saúde e da resposta à pandemia que serviram durante a administração Trump. Todos confirmaram aquilo que já se sabia: a resposta do governo dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump foi marcada pela discórdia, pela disfunção, por mentiras e por lutas internas que custaram muitas vidas.
Entre várias afirmações duras e que prometem gerar discussão nos Estados Unidos nos próximos dias, destacou-se uma das intervenções de Deborah Birx, a antiga coordenadora da equipa de resposta à pandemia.
Birx salientou que a resposta da administração Trump perante o agravamento da pandemia custou centenas de milhares de vidas.
“Olho para isto assim. Na primeira vez tivemos uma desculpa. Houve cerca de 100 mil mortes causadas pelo surto original. Todas as outras, na minha opinião, podiam ter sido mitigadas ou substancialmente reduzidas”, declarou Birx, sugerindo que a resposta da administração Trump devia ter sido mais agressiva.
Desde o início da pandemia, já morreram 549 mil pessoas nos Estados Unidos.
Deborah Birx também descreveu uma conversa por telefone com Donald Trump que foi “muito desconfortável, muito direta e muito difícil”, após ter falado sobre os perigos do vírus no verão passado. “Na Casa Branca ficaram todos chateados com essa entrevista”, contou.
Depois disso ter acontecido, a antiga coordenadora explicou que decidiu viajar pelo país para falar com líderes dos estados e locais sobre o uso de máscaras, o distanciamento social e outras medidas sanitárias que o antigo presidente não queria que Birx transmitisse durante os ‘briefings’ na Casa Branca.
Estas revelações de Deborah Birx têm mais impacto, se se tiver em conta que, ao contrário de Anthony Fauci, a antiga coordenadora nunca corrigiu as afirmações mais controversas de Trump relacionadas com a pandemia, e até chegou a dizer que o antigo presidente prestava “muita atenção à literatura científica”.
A série de entrevistas da CNN também expôs as mentiras da administração Trump relativamente à testagem. O almirante Brett Giroir, que foi secretário de estado adjunto da saúde e coordenador do processo de testagem à Covid-19 na administração Trump, esclareceu que o governo norte-americano não tinha tantos testes como chegou a dar a entender a dada altura.
“Quando dissemos que tínhamos milhões de testes, não tínhamos, certo? Tínhamos disponíveis componentes dos testes, mas não a coisa completa”, acrescentou Giroir.
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